Papa nomeia delegado para controlar abusos da Legionários de Cristo
Agência AFP
ROMA - O Papa Bento XVI decidiu nomear um delegado para controlar diretamente a congregação Legionários de Cristo, fundadada pelo mexicano Marcial Maciel Degollado, já falecido, acusado de abusos sexuais, anunciou neste sábado a Santa Sé.
A Igreja tem "a firme vontade de acompanhar e ajudar" a congregação "no caminho da purificação que a espera" e Bento XVI "indicará em breve as modalidades desse acompanhamento, começando pela nomeação de um delegado", informou o Vaticano em comunicado divulgado neste sábado.
O anúncio segue-se a reuniões mantidas pelo papa na sexta-feira e neste sábado no Vaticano com os cinco bispos que realizaram uma inspeção na congregação.
Marcial Maciel teve um "comportamento objetivamente imoral", diz o comunicado do Vaticano.
"Testemunhas incontestáveis" confirmam fatos muitas vezes "criminosos" que "demonstram uma vida sem escrúpulos e sem um autêntico sentimento religioso", diz a nota.
Maciel, que até sua morte dirigiu com mão de ferro os Legionários de Cristo, congregação fundada em 1941 no México, era pai de uma menina, filha de uma relação secreta, cuja existência foi reconhecida em 2009.
Em maio de 2006, Bento XVI havia obrigado a Marcial Maciel a "renunciar a qualquer ministério público" e a "a retirar-se na oração e na penitência".
A congregação está presente em 22 países, particularmente no México e na Espanha, possuindo 800 sacerdotes, 2.500 seminaristas e 70.000 membros leigos.
Administra 12 universidades.
Marcial Maciel Degollado (1920-2008) levava uma vida dupla, com pelo menos duas mulheres e três filhos, criando em torno de si um mecanismo de defesa que o tornou por longo tempo inatacável, sendo, por conseguinte, difícil, o conhecimento de sua verdadeira vida.
É por isto que "a descoberta e o conhecimento da verdade sobre o fundador provocou, nos membros da Legião, surpresa, desconforto e profunda dor, o que ficou evidenciato pelos inspetores visitantes" diz nota do Vaticano.
Bento XVI garantiu seus pensamentos e orações aos que foram "vítimas desses abusos e do sistema de poder" exercito por Degollado. O Santo Padre - explica o Vaticano - "quer tranquilizar todos os legionários e membros do movimento Regnum Christi que não serão deixados sozinhos: a Igreja tem a vontade firme de acompanhá-los e ajudá-los no caminho da purificação que os espera. Isso diz respeito, também a uma confrontação sincera com os que, dentro e fora da Legião, foram vítimas de abusos e do sistema de poder criado.
Desta forma - prossegue a nota - o Santo Padre dedica seus pensamentos, orações e agradecimentos aos que, apesar de grandes dificuldades, tiveram a coragem e a perseverança de exigir a verdade".
Cinco visitadores apostólicos realizaram de 15 de julho de 2009 até a metade de março passado, uma investigação sobre a Congregação nos cinco continentes. Foram eles: Ricardo Watty Urquidi, bispo de Tepic (México); Charles Joseph Chaput, arcebispo de Denver (Estados Unidos); Giuseppe Versaldi, bispo de Alessandria; Ricardo Ezzati Andrello, arcebispo de Concepción (Cjile); Ricardo Blazquez Perez, bispo de Bilbao (Espanha).