Embaixadora do Haiti na Itália lamenta demora nas doações
Agência ANSA
ROMA - Seis meses após o terremoto de sete graus na escala Richter que devastou o Haiti, a embaixadora do país na Itália, Guerda Benoit, acusou a lentidão nas ajudas anunciadas por organismos internacionais para reconstruir a nação.
"Dos US$ 5 bilhões prometidos pelas instituições econômico-financeiras mundiais só 11% até agora foram efetivamente transferidos ao Haiti. É um dinheiro que precisamos agora, não em dois anos", declarou a diplomata, ao participar de um fórum na Ilha de Ísquia, região central da Itália.
"Neste ano, a temporada dos furacões, iniciada há pouco, poderia causar um número de mortos bem mais trágico do que nos anos precedentes", continuou Benoit, recordando o drama das adolescentes que perderam suas famílias com o tremor e são vítimas de violência sexual.
Ao lado do presidente da divisão italiana do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Vincenzo Spadafora, a embaixadora assinalou que o governo trabalha na reconstrução de escolas com o apoio da instituição e do Programa Alimentar Mundial (PAM), também da ONU.
"Mas estamos atrasados com a agricultura. O nosso é um povo de camponeses, não precisamos importar produtos alimentares. Devemos estar em condições, porém, de nos sustentar. E devemos dar respostas precisas aos tantos benfeitores que querem saber onde vão acabar as próprias doações", continuou ela.
Spadafora, por sua vez, apontou que "agora há um costume para a maioria das emergências mundiais, também porque muitas destas emergências se tornaram, infelizmente, a regra".
"A Itália, nessa classificação de destinação de fundos governamentais para a cooperação ao desenvolvimento, fica cada vez mais baixo. Somos os antepenúltimos", lamentou o chefe da Unicef no país europeu.
Em 12 de janeiro deste ano, o Haiti foi atingido por um forte tremor que devastou a capital Porto Príncipe e deixou pelo menos 220 mil vítimas fatais.