Epidemia de cólera no Haiti crescerá antes de ser controlada
A epidemia de cólera que atinge o norte do Haiti provavelmente crescerá antes de ser controlada, estimou nesta sexta-feira um alto dirigente da Organização Pan-Americana de Saúde (OPS).
"Esta epidemia provavelmente se ampliará, como indica nossa experiência com a cólera, especialmente em uma população que não tem uma imunidade natural, já que nunca foi exposta a esta infecção", disse Jon Andrus, subdiretor da OPS.
"Diante disto, nossa previsão é que ainda vai crescer".
Segundo o último boletim da OPS, a cólera já atinge 1.500 pessoas no Haiti, com 138 óbitos.
O cólera no Haiti é do tipo mais perigoso, diz ministro
Agência AFP
O ministro da Saúde do Haiti, Alex Larsen afirmou em reunião de crise com o presidente René Préval, que a cólera manifestada no Haiti é do tipo mais perigoso, a cepa "01", que segundo a classificação da OMS, é a origem da maioria das epidemias desta doença no mundo.
No encontro a autoridade haitiana aproveitou o encontro para pedir que o presidente adote medidas mais incisivas para enfrentar a propagação da doença, que já causou 135 mortes no país caribenho.
"É alerta máximo, devemos nos manter mobilizados as 24 horas do dia para ajudar o governo a fazer frente a esta situação", disse o presidente da Associação Médica Haitiana, Claude Surena.
As autoridades estão preocupadas ante a possibilidade de que a epidemia se propague em consequência da mobilização da população nos acampamentos improvisados depois do terremoto de 12 de janeiro e onde moram milhares de pessoas.
Surena informou na véspera que a epidemia de cólera que atinge o norte do Haiti já matou 135 pessoas e deixou mais de 1.500 infectadas nos últimos dias.
"Constatamos 135 óbitos (por cólera) e 1.498 casos de pacientes com diarreia (...) e segundo análises de laboratório, trata-se de cólera", disse Surena à AFP.
Números anteriores divulgados pelas autoridades sanitárias mostravam que pelo menos 50 pessoas morreram por diarreia aguda e centenas eram tratadas em hospitais locais enquanto testes de laboratórios estavam sendo realizados para determinar a causa da doença.
Segundo rádios locais, a situação mais grave ocorre em Saint Marc, 100 km ao norte de Porto Príncipe, onde há 26 óbitos e mais de 400 hospitalizados.
Em Verette, na mesma zona, a cólera matou 18 pessoas, e outras três faleceram em Mirebalais, no centro do país.
A cólera é transmitida pela água, mas também pela comida que esteve em contato com água contaminada pela bactéria.
A cólera causa muita diarreia e vômitos, seguidos de desidratação. Com um período de incubação pequeno, pode ser fatal se não for tratada a tempo.
A Organização Mundial de Saúde afirma em seu site que a doença "atinge tanto crianças como adultos e pode matar em algumas horas".
Agências de ajuda humanitária têm manifestado durante meses seu receio de surtos de doenças que poderiam se espalhar rapidamente no Haiti devido às precárias condições sanitárias nos acampamentos de desabrigados, com pouco acesso à água potável.
O empobrecido país do Caribe tem sido atingido nos últimos dias por grandes inundações, piorando a miséria daqueles que lutam para sobreviver em barracas e acampamentos que agora permeiam o país.