Presidente palestino diz que há uma crise nas negociações com Israel

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O presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, afirmou hoje (8), durante visita à Grécia, que "não há dúvida de que há uma crise nas negociações com Israel", depois da decisão do governo americano de desistir de cobrar a interrupção dos assentamentos israelenses.

Abbas pediu a intervenção da União Europeia, "ao lado dos Estados Unidos", para levar à retomada das negociações. Já o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, se mostrou otimista e disse, em uma reunião do gabinete, que, "em breve, será iniciado um processo de negociação mais rápido".

Netanyahu também informou aos ministros que seu emissário, Itzhak Molcho, está em Washington para discutir o tema com representantes do governo americano. "Os Estados Unidos abriram mão do congelamento [dos assentamentos] e agora buscam um novo rumo para as negociações", afirmou o primeiro-ministro israelense. Netanyahu acrescentou que, em breve, os palestinos também enviarão um emissário a Washington.

O porta-voz do presidente palestino, Nabil Abu Rodeina, declarou que o governo americano pediu a Abbas que envie um emissário para consultas em Washington, mas acrescentou que "os palestinos não tomarão medida alguma e não enviarão emissário algum sem a concordância dos países árabes".

O principal negociador palestino, Saeb Erekat, cobrou do governo americano que "reconheça agora" o Estado palestino nas fronteiras de 1967. De acordo com o negociador palestino, o reconhecimento dos Estados Unidos "é o passo necessário para preservar a solução de dois Estados".

Um dos lideres do Fatah, Mohamed Dahlan, declarou que "não vejo perspectivas diplomáticas enquanto o governo de Netanyahu estiver no poder". Dahlan sugeriu que a Autoridade Palestina condicione a coordenação militar com Israel a um avanço no processo de paz.  O presidente do Conselho da Judeia e Samaria, Dani Dayan, que lidera os colonos israelenses na Cisjordânia, elogiou o governo de Israel "por  ter  resistido de maneira honrosa" às pressões dos Estados Unidos pelo congelamento das construções nos assentamentos.

Nos últimos dois meses, o governo americano tentou convencer Israel a manter a moratória, prometendo um pacote de benefícios diplomáticos, militares e econômicos se o governo israelense concordasse em congelar a construção dos assentamentos por mais três meses. O presidente Abbas suspendeu as negociações diretas com Israel, que haviam sido retomadas no inicio de  setembro , quando o primeiro-ministro Netanyahu se recusou prolongar o congelamento, em 26 de  setembro .

O ministro das Relações Exteriores do Egito, Ahmed Aboul Gheit, pediu que as grandes potências mundiais pressionem Israel e os palestinos a estabelecer um prazo para a fundação de um Estado palestino independente, "antes que a solução de dois Estados se torne inviável". De acordo com o chanceler egipcio, nesse caso, "só restarão três opções: um Estado binacional, a ocupação [israelense] ou um apartheid".