Líbia: Chanceler abandona Kadafi e tenta refúgio na Inglaterra

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A chancelaria britânica anunciou hoje (30) que o ministro de Relações Exteriores da Líbia, Moussa Koussa, desembarcou em Londres e disse a funcionários do governo britânico que deixou seu posto.

“Nós podemos confirmar que Moussa Koussa chegou ao aeroporto de Farnborough [em Londres], em 30 de março, vindo da Tunísia. Ele viajou até aqui por livre vontade. Ele nos disse que está deixando seu posto. Estamos discutindo isso com ele e daremos mais detalhes no momento devido”, disse um porta-voz da chancelaria britânica que não quis ser identificado.

Um porta-voz do governo líbio afirmou que Koussa está viajando em missão diplomática, mas fontes do governo britânico disseram à BBC que Koussa foi a Londres para fugir do regime do ditador líbio, Muammar Khadafi.

“Moussa Koussa é uma das figuras mais antigas do governo Khadafi e seu papel é representar o regime internacionalmente – algo que ele não está mais disposto a fazer”, disse o porta-voz da chancelaria britânica.

A chegada do chanceler da Líbia ao país ocorre num momento em que a Grã-Bretanha se prepara para expulsar cinco diplomatas líbios. O chanceler britânico, William Hague, disse a parlamentares que esses parlamentares poderiam ameaçar a segurança da Grã-Bretanha.

Na Líbia, forças contrárias a Khadafi voltaram a perder terreno e abandonaram antigos redutos na costa oriental do país. Já na cidade de Brega, as forças de Khadafi estão em vantagem e os rebeldes ali parecem ter perdido a força de vontade para lutar, ainda que planejem voltar à cidade amanhã (31).

Relatos dão conta de intensos ataques das forças de Khadafi, na cidade de Misrata, na costa oeste, e de combates entre Ras Lanuf e Bin Jawad. A rádio Voz da Líbia Livre, controlada pelos rebeldes, diz que o recuo de Ras Lanuf e Bin Jawad foi uma ação “tática” por causa da ausência de ajuda aérea.

A rádio admitiu ter errado ao anunciar que Sirte, cidade natal de Khadafi, havia sido tomada pelos rebeldes. No Leste, em Ajdabiya, os rebeldes parecem estar sem poder de fogo para enfrentar as tropas de Khadafi.

O recuo rebelde começou ontem (29) e foi seguido por um breve período de vitórias dos opositores, com o auxílio dos bombardeios da coalizão internacional que tem atacado as tropas pró-Khadafi.

Ontem, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse que as forças do líder líbio haviam sido bastante enfraquecidas pelos ataques. Os países-membros da coalizão estão analisando, agora, a possibilidade de armar os rebeldes. Os Estados Unidos e a França dizem que estão mandando enviados ao bastião rebelde de Benghazi para fazer contato com a administração interina local.

A reunião internacional sobre a Líbia, realizada em Londres ontem, foi concluída com a decisão de montar um grupo – que inclua governos árabes – para coordenar a eventual ajuda à Líbia caso Khadafi deixe o poder. Estima-se que as seis semanas de confrontos no país já tenham deixado milhares de mortos.

Hoje, a agência estatal líbia Jana disse que as forças estrangeiras bombardearam alvos civis na cidade de Surman (a oeste de Trípoli, a capital), sem informar o número de mortos. A informação não foi confirmada.