Fidel recorda a invasão à Baía dos Porcos e absolve Eisenhower

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HAVANA - O líder cubano Fidel Castro publicou nesta sexta-feira um texto por ocasião do 50º aniversário da invasão da Baía dos Porcos, pelo qual culpa o sistema capitalista e absolve o então presidente dos Estados Unidos, Dwight Eisenhower, que preparou a operação fracassada.

Aprovada por Eisenhower e assumida por seu sucessor John F. Kennedy, a operação, na qual participaram 1.400 exilados anticastristas treinados e armados pela CIA, começou no dia 13 de abril e foi derrotada em menos de 72 horas.

"Eisenhower não era um criminoso nato. Parecia, e talvez fosse, uma pessoa educada e de boa conduta de acordo com os parâmetros da sociedade em que vivia e não era um militar brilhante, mas um profissional sério e metódico", escreveu em seu novo artigo publicado na imprensa oficial local.

"Como é possível que um homem sério (...) seja conduzido a uma atitude tão criminosa e hipócrita como a que levou o governo dos Estados Unidos ao ataque contra a independência e a justiça que durante quase um século buscou nosso povo?", questiona Fidel.

E ele mesmo responde: "Foi o sistema capitalista, a preeminência dos privilégios dos ricos, dentro e fora do país, em detrimento dos direitos mais elementais dos povos".

Fidel Castro assinala anda que Eisenhower "decidiu destruir a Revolução Cubana" e que "o instrumento fundamental do tenebroso plano era o bloqueio econômico a Cuba" (vigente desde 1962).

A invasão da Baía dos Porcos, que deixou 161 mortos nas fileiras de Castro e 107 na dos invasores - 1.189 prisioneiros foram trocados por 53 milhões de dólares em remédios e alimentos em 1962 -, marcou para sempre a relação entre os dois países, mais que qualquer outro conflito de sua longa inimizade.

Fidel explica no artigo sua intenção de recordar essa história no artigo intitulado "A Batalha de Girón" (como a invasão é chamada pelos cubanos) para que os jovens "conheçam a contenda na qual seus antecessores arriscaram sua existência pela Revolução", porque a eles "corresponde continuar defendendo-a".

Na ocasião, no enterro de sete vítimas do ataque, Fidel Castro, na época com 35 anos, declarou a natureza da revolução, após negar por anos que era comunista. "Os imperialistas não puderam perdoar isto, que (...) tenhamos feito uma revolução socialista embaixo do nariz dos Estados Unidos", disse em seu vibrante discurso.

Cuba celebra a vitória com um desfile militar e civil neste sábado, preâmbulo do VI Congresso do Partido Comunista (PCC, único) que deve eleger uma nova direção, encabeçada pelo primeiro e segundo secretários, Fidel e o presidente Raúl Castro, respectivamente, e definirá reformas econômicas.