Operações de resgate em transatlântico naufragado são retomadas

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As autoridades italianas retomaram nesta segunda-feira as operações de busca por 29 desaparecidos no naufrágio do transatlântico "Costa Concordia", em frente à ilha italiana de Giglio, após a melhora das condições climáticas.

Segundo a Guarda Costeira italiana, quatro tripulantes e 25 passageiros ainda estão desaparecidos, três dias depois do acidente com o transatlântico italiano Costa Concordia, que encalhou na costa da Toscana.

O número de desaparecidos, que era de 15 anteriormente, foi revisto para cima pelo comandante da Guarda Costeira, Marco Brusco, que recebeu um relatório da administração local.

A estimativa anterior não tinha levado em conta 10 alemães que ainda eram tidos como desaparecidos nesta segunda. Brusco afirmou que "ainda há áreas (do navio) a examinar" e que "um fio de esperança permanece" de encontrar outros sobreviventes do naufrágio.

Mais cedo, o porta-voz dos bombeiros, Luca Cari, anunciou a retomada das operações de salvamento, após uma interrupção de três horas devido ao mau tempo. "Retomamos as operações de busca depois de termos verificado que o barco está estável", disse Cari, ressaltando que o vento cessou, parou de chover e o mar está mais calmo.

O temor é que o barco deslize e caia dos 37 metros de profundidade em que está tombado para uma fossa de 70 metros, onde ficaria completamente submerso, o que acabaria com as esperanças de poder encontrar com vida algum dos desaparecidos.

"Nossa esperança é que tenha sido criada no barco alguma bolha de ar", afirmou o prefeito de Giglio, Sergio Ortelli.

As equipes resgataram três pessoas 36 horas depois do acidente.

O naufrágio deixou até agora um registro de seis mortos, entre eles quatro turistas, dois franceses, um italiano e um espanhol, assim como um peruano da tripulação. A sexta vítima foi localizada a bordo do barco na madrugada de segunda-feira, mas não foi identificada devido ao fato de não ter sido retirada do navio. As equipes de resgate estão encontrando muita dificuldade na busca pelas vítimas devido ao tamanho gigantesco do navio.

Nesta segunda, o chefe da empresa proprietária do navio, afirmou que o capitão da embarcação, Francesco Schettino, quebrou as regras em um erro "inexplicável". 

Foschi afirmou que o percurso que o capitão decidiu seguir era "sua própria iniciativa, contrária às regras escritas da empresa". "Ele realizou uma manobra que não tinha sido aprovada por nós e nos dissociamos de tal comportamento", acrescentou. No entanto, ele afirmou que o fator humano neste episódio era inexplicável.

Foschi também pediu prudência antes de julgar as ações do capitão após o desastre, afirmando que existem "testemunhas confiáveis que comprovaram que ele que ficou a bordo muito tempo".

A Costa Crociere, maior operadora europeia de cruzeiros, afirmou em um comunicado no domingo que, aparentemente, Schettino havia "cometido erros de julgamento que tiveram sérias consequências".

"Se tivesse ocorrido um problema técnico, o alarme teria soado", disse Foschi. "Não houve problema com a segurança no navio. Ele tem características de segurança ultra-seguras".

Ele previu ainda que a empresa irá passar por um período difícil como resultado do desastre, mas acredita que sua reputação será restaurada. "Há um milhão de clientes fiéis que nos apoiam", disse ele, citando mensagens de solidariedade de ex-passageiros.

Ao estimar o custo imediato e direto do acidente em 93 milhões de dólares, afirmou que a empresa tem bases sólidas financeiramente, acrescentando: "Temos 24 mil funcionários para proteger".

"Não há dúvida sobre mudar o nome da empresa ou as suas perspectivas", disse, descartando qualquer impacto em longo prazo na indústria de cruzeiros.

Em relação ao Costa Concordia, Foschi afirmou que ainda não sabe se ele sofreu uma "perda total" ou se poderá ser recuperado para voltar ao serviço.

Por outro lado, ainda em termos de perdas, o ministro italiano do Meio Ambiente, Corradio Clini, afirmou que a ilha italiana de Giglio corre um "alto" risco de desastre ecológico e pediu uma "intervenção urgente" para evitar que sejam derramadas as 2.380 toneladas de combustível transportadas pela embarcação encalhada.

"Toda a região corre alto risco", ressaltou o ministro, após lembrar que o arquipélago da Toscana, formado por sete ilhas, é uma das regiões mais protegidas e delicadas da Itália e desde 1996 é o maior parque marinho da Europa.

"Tudo depende das correntes, a ilha, talvez todo o arquipélago, e a costa estão ameaçados", acrescentou.