Austrália: juíza define punição interna a policiais em caso de brasileiro
A juíza de instrução responsável pela investigação do caso do paulistano Roberto Laudisio, morto após ser abordado pela polícia em Sydney (Austrália) no último mês de março, recomendou, na madrugada desta quarta-feira, uma punição disciplinar para os envolvidos. As informações são dos jornais The Australian e Sydney Morning Herald.
De acordo com Mary Jerram, os responsáveis pela abordagem ao brasileiro foram "tomados por uma atitude desgovernada, parecendo os protagonistas do livro 'O Senhor das Moscas' (no qual crianças, perdidas em uma ilha deserta, retornam à selvageria)". Para ela, os policiais erraram por "inexperiência" e "nervosismo" e não devem ser investigados criminalmente, mas sim punidos internamente pela corporação, através da Comissão de Integridade da Polícia.
"As ações da maior parte dos policiais foram imprudentes, perigosas e houve extremo abuso de força. Em alguns momentos foram até cruéis. Roberto certamente consumiu uma droga ilícita, mas não cometeu nenhum delito grave e não representava risco para a segurança de ninguém", analisou Jerram, que completou: "é impossível acreditar que ele morreria se não fosse pela ação policial."
A investigadora acrescentou ainda que os policiais ofereceram versões conflitantes em seus depoimentos à Corte e omitiram informações. Apesar dessas afirmações, ela concluiu que não devem haver penas criminais, pois o caso trata de uma "questão de policiamento que deve ser investigada pelos órgãos policiais".
Jerram acredita que os policiais envolvidos devam sofrer uma punição interna e o uso de tasers e sprays deve ser revisto. A família do brasileiro apresentou um protesto, por meio dos advogados, apoiando punições disciplinares internas, mas defendendo também uma investigação criminal para o caso.
Roberto Laudisio Curti morreu depois de levar descargas elétricas de policiais que o perseguiram depois de uma denúncia de roubo em uma loja de conveniência em Sydney;
Os agentes fizeram 14 disparos com suas pistolas elétricas taser, sete deles em um período de 51 segundos, embora nem todas tenham atingido o estudante brasileiro.