Manifestantes na Turquia reclamam de irritações nos olhos
Jatos de água teriam solução que está causando o problema
O governador de Istambul, Hüseyin Avni Mutlu, declarou neste domingo que os tanques policiais utilizam água a pressão "com uma solução médica" contra os manifestantes, que denunciaram fortes irritações cutâneas após serem atingidos por ela.
O governador negou em entrevista coletiva que se tratasse de "produtos químicos", algo que desqualificou como "especulação falsa", mas admitiu que a água continha uma "solução médica", reconhecível por sua cor diferente.
O jornal "Milliyet", no entanto, publicou um vídeo no qual se vê dois soldados jogarem o conteúdo de uma vasilha azul, identificado com a marca Jenix, nos tanques dos veículos de água a pressão.
A vasilha é idêntica à que se encontra no site da empresa Jenix, identificado ali com as siglas JNX5073A, com a advertência que só pode ser vendida a instituições públicas ou forças de segurança.
A Jenix é uma empresa turca, registrada em Istambul, que fabrica pulverizadores de spray de pimenta para defesa pessoal.
Desde ontem à noite circulam pelas redes sociais testemunhos de manifestantes, apoiados por fotografias, que asseguravam ter sofrido graves irritações cutâneas após terem sido atingidos pela água dos blindados policiais.
Ali Çerkezoglu, secretário-geral do Colégio de Médicos de Istambul, confirmou ao "Milliyet" que, segundo vários testemunhos, as pessoas expostas à água dos blindados tinham sofrido uma reação alérgica e uma sensação de queimação que durava pelo menos duas horas.
O governador confirmou também que entre os 22 detidos hoje em Istambul havia vários médicos, algo que justificou dizendo que estavam "ajudando os manifestantes".
Centenas de médicos e enfermeiros fizeram turnos nestes últimos dias para atender os feridos de forma voluntária, e na sexta-feira, o Colégio de Médicos de Istambul denunciou pressões do Ministério da Saúde para revelar seus nomes.
Mutlu assegurou que após os fatos de ontem à noite, apenas quatro pessoas continuam internadas nos hospitais, e que duas delas eram policiais com ferimentos de bala.