Imprensa mundial destaca mais um dia de protestos no Brasil
A onda de protestos que se espalhou por diversas cidades brasileiras nesta segunda-feira foi destaque na imprensa internacional, que, de forma geral, considerou as manifestações pacíficas, com "algumas exceções", como o incêndio registrado na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Apesar de alguns falarem em insatisfação generalizada, é perceptível que os veículos internacionais vêm encontrando dificuldades para explicar os motivos que estão levando milhares de brasileiros às ruas.
O diário espanhol El País, que dedicou nos últimos dias diversos artigos à discussão sobre o preço da tarifa de transporte nas maiores cidades brasileiras, afirmou que os atos tiveram seu momento mais "valioso" nesta segunda. "As causas das novas manifestações eram as mais variadas, mas sempre a partir de um elemento comum: o aumento do bilhete", escreveu o periódico, que classificou as diferentes razões de protestos como "vagas e ambiciosas".
Entre os cartazes que a reportagem espanhola selecionou para ilustrar o ambiente dos protestos em São Paulo estavam "faça amor, não faça guerra", "liberdade para Julian Assange", "não venha ao Mundial" e "o povo unido não precisa de partidos", entre outros.
Também espanhol, o ABC disse que o Brasil "colocou as autoridades à prova" em protestos contra o aumento do transporte, a corrupção, os gastos com a Copa das Confederações e a violência policial.
Sob a manchete "Aumento de 9 centavos leva a confrontos nas ruas do Brasil", a CNN Internacional fala que o "pequeno aumento" foi o estopim para protestos por questões muito maiores e que é apenas mais um exemplo de como o governo coloca os mais pobres em dificuldades financeiras enquanto investe dinheiro em projetos de grande visibilidade.
O italiano La Repubblica fala em dezenas de milhares de pessoas que saíram às ruas em todo o Brasil contra o alto custo do transporte públicos e os gastos excessivos da Copa do Mundo de 2014. O francês Le Monde também cita o mundial de futebol como foco das manifestação, assim como o alto custo de vida.
O argentino La Nación abre sua matéria falando que mais de 200 mil pessoas participaram dos maiores protesto desde o retorno da democracia no país. O artigo cita como causas o mundial de futebol e pedidos de mais educação, saúde e transporte. O periódico ainda chama de "invasão simbólica" a ocupação do terraço do Congresso Nacional, em Brasília. O protesto na capital federal também ganhou destaque no argentino Clarín, em que a imagem de protestantes invadindo o Congresso Nacional foi a mais destacada dentre diversas fotos dos atos nas maiores capitais brasileiras.
A inglesa BBC destacou os eventos de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, mas não deixou de mencionar incidentes como um estudante baleado durante protesto em Maceió e tumultos em torno do Mineirão, em Belo Horizonte, antes do jogo entre Taiti e Nigéria pela Copa das Confederações.
A americana CBS exaltou as lideranças dos movimentos por "orientar manifestantes a não destruir propriedades públicas ou privadas para não manchar a causa".
"O que começou como pequenos protestos pelo aumento de tarifas de transportes rapidamente se tornou um movimento mais amplo, com grupos e indivíduos irados com diversos temas, como o alto custo de vida brasileiro e custosos novos projetos de estádios", escreveu o The New York Times.
"Os protestos (desta segunda) são os mais ressonantes desde o fim da ditadura militar no País, em 1985", analisou o jornal nova-iorquino, que traçou um paralelo com as manifestações realizadas atualmente na Turquia: "(nos dois casos) a população intensificou seus protestos após a ação truculenta de policiais".
O jornal americano Los Angeles Times dava grande destaque aos protestos em sua versão online nesta manhã, salientando que o que começou com protestos contra o aumento das passagens se espalhou para uma insatisfação generalizada.
O jornal britânico The Guardian ressalta, na reportagem, que a maioria das manifestações começou de forma pacífica, mas ao longo dos protestos, houve enfrentamento entre manifestantes e policiais. O jornal destaca a informação da ministra da Secretaria de Comunicação Social, Helena Chagas, de que Dilma acredita que “os protestos pacíficos são legítimos e adequados”.
No texto do The Guardian, há informações de que os líderes dos protestos usaram as redes sociais, como o Facebook, para chamar os manifestantes para os atos.
O jornal francês Le Monde publicou uma reportagem, em tópicos, destacando as manifestações em Brasília, São Paulo, no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte. A violência é ressaltada no texto e nas fotografias de manifestantes feridos. Há, ainda, menção ao jogo do Taiti e da Nigéria, em Belo Horizonte, na Copa das Confederações. O estádio em que ocorreu a partida também foi alvo de protestos.