Papa pede que Igreja deixe 'velhas redes' e comece a pescar
Pontífice pediu 'entusiasmo' de padres envolvidos em Sínodo
O papa Francisco utilizou a homilia da tradicional audiência geral, nesta quarta-feira (7), para pedir "entusiasmo" dos padres participantes do Sínodo da Família, que ocorre no Vaticano até o dia 25 de outubro.
"Que o entusiasmo dos padres sinodais seja animado pelo Espírito Santo e possa fomentar o lançamento de uma Igreja que abandona as velhas redes e começa a pescar", disse o Pontífice citando a passagem bíblica em que Pedro é convidado por Jesus para "virar pescador de homens".
Para o sucessor de Bento XVI, a família é "uma das redes mais importantes para a Igreja" porque ela "não faz prisioneiros, ao contrário, liberta das águas revoltas do abandono e da indiferença, das águas que afogam os seres humanos em um mar de solidão".
Na celebração, que reuniu mais de 30 mil pessoas na Praça São Pedro, Jorge Mario Bergoglio ainda contou que irá utilizar as audiências gerais, que ocorrem todas as quartas-feiras, para comentar sobre temas relativos ao Sínodo.
As famílias, em especial aquelas cristãs, são o foco do encontro que reunirá mais de 400 religiosos e vários casais laicos até o dia 25 de outubro. No evento, serão debatidas as necessidades das famílias atuais, as mudanças que afetam essa organização, e alguns temas polêmicos, como a comunhão para divorciados que voltaram a se casar e uma maior abertura aos homossexuais.
- Papa não quer fazer tudo sozinho, diz padre: Para o padre Adolfo Nicolás, pertencente à Companhia de Jesus e um dos relatores do texto final do Sínodo, o líder dos católicos propôs esse debate mesmo que, se quisesse, poderia resolver tudo sozinho.
O Papa não quer caminhar sozinho, mesmo que sozinho ele poderia fazer tudo mais rápido. Poderia ser uma 'estrela', ainda mais agora que conta com apoio popular, mas quer andar com os bispos para saber o que eles pensam e convencê-los através dessas experiências sociais", destacou Nicolás ao jornal "Corriere della Sera".
Ele ainda ressaltou que, às vezes, Francisco não é bem entendido, mas que o líder "propõe uma abertura à pessoa em primeiro plano, não nos princípios, mas as pessoas". Nicolás ainda destacou que a expectativa ao redor da reunião lhe parece "estranha". "O Sínodo não é sobre divorciados, não é sobre casais homossexuais, mas é essencialmente sobre a família. Como ajudar as famílias? Algumas têm feridas muito profundas", finalizou.
Já o presidente dos bispos do Peru, Salvador Pineiro Garcia Calderon, afirmou que o clima no encontro é de "trabalhar com total liberdade" e, como pediu o Pontífice, "escutamos com humildade".
"O Papa pediu para que ficássemos atentos e mantivéssemos a serenidade. Trabalhamos sobre três textos principais e cada um diz o que pensa e como entende isso. Mas, há um trabalho comum e o que diz a mídia é outra ciosa. Nós trabalhamos em um projeto comum", ressaltou Calderon.