Assange faz primeira aparição após resolução da ONU
O fundador do site WikiLeaks, o ativista australiano Julian Assange, apareceu na janela da Embaixada do Equador em Londres, onde permanece refugiado há mais de três anos, pela primeira vez após a resolução das Nações Unidas (ONU) de que sua situação constitui uma prisão arbitrária.
"É uma vitória que não pode ser negada", disse Assange, hoje, dia 5, pedindo o direito de deixar o local sem ser preso pelas autoridades locais.
Tendo em mãos o relatório da ONU, ele disse que sua prisão é injusta e lamentou estar há tantos anos sem poder ver seus filhos.
Um comitê das Nações Unidas considerou nesta sexta-feira (5) arbitrária e equívoca a situação de Assange, impossibilitado de deixar a sede diplomática equatoriana. O grupo de especialistas das Nações Unidas pediu que a Suécia e o Reino Unido permitam a livre circulação do ativista. Ainda de acordo com o comitê, além de ser libertado, Assange tem o direito de ser ressarcido. A ONU disse que Londres e Estocolmo precisam respeitar a integridade física e a liberdade do australiano. O fundador do WikiLeaks está desde julho de 2012 refugiado na embaixada do Equador em Londres, proibido de deixar o prédio para viajar ao país que o concedeu asilo. Caso saia do edifício, considerado solo equatoriano, Assange corre o risco de ser preso pelas autoridades britânicas e extraditado à Suécia, onde responde por crimes de abuso sexual - dos quais ele nega ser culpado. O australiano, porém, teme que sua extradição seja apenas um artifício para que seja enviado aos Estados Unidos. Lá, ele poderia ser condenado por espionagem e divulgação de documentos secretos. O governo do Reino Unido, no entanto, se recusou a aceitar as conclusões do o Grupo de Trabalho das Nações Unidas sobre Detenções Arbitrárias, formado por cinco juristas independentes, e informou que as avaliações do painel da ONU não "mudam nada". Um porta-voz do Foreign Office ressaltou que o país vai "contestar formalmente o parecer". O secretário de Política Externa britânico, Philip Hammond, definiu o relatório do comitê como "ridículo". "Assange pode sair da embaixada quando quiser, mas deverá responder à Justiça da Suécia se decidir fazer isso", completou. Ontem, Assange disse que estava disposto a se entregar às autoridades caso o comitê da ONU concluísse que sua situação não configura uma detenção ilegal.