'El País': Funcionalismo público declara greve contra demissões em massa na Argentina
Desde que assumiu, Governo Macri demitiu mais de 26.000 trabalhadores estatais
Matéria publicada nesta quinta-feira (25) no El País, comenta que a Argentina amanheceu nesta quarta-feira (24) com uma greve do setor público contra a demissão em massa de mais de 26.000 trabalhadores dos níveis nacional, provincial e municipal ocorrida desde que o presidente Mauricio Macri e seus partidários foram eleitos para diversos cargos, no ano passado. Em janeiro, o presidente justificou as demissões com uma expressão de um desejo: “Que não haja mais argentinos recebendo um salário por algo que não faz”.
Segundo a reportagem, os funcionários públicos argentinos que ganham sem fazer nada são chamados de nhoques. O ministro da Fazenda, Alfonso Prat-Gay, reforçou a ideia de que parte do aumento de 67% na folha de pagamento da União, das províncias e dos municípios entre a crise de 2002 e 2014 se deveu a empregos dados a militantes kirchneristas: “Não vamos deixar a gordura militante, vamos contratar gente idônea e eliminar os nhoques”.
Mas a Associação de Trabalhadores do Estado (ATE), dirigida por um crítico do kirchnerismo, Hugo Godoy, rejeitou as alegações do Governo de Macri. “A ideia dos nhoques é um argumento para demissões em massa”, repudiou Godoy. “Apontam para uma redução da presença do Estado e para a desestruturação de organismos importantes.” O kirchnerismo acusa o Governo de Macri de perseguição ideológica contra centenas de seus militantes, empregados no setor público, assim como nos 12 anos dos Governos de Néstor e Cristina Kirchner houve alguns funcionários públicos que denunciaram a mesma coisa à Justiça.
O jornal espanhol fala que a novidade é a limpeza geral na folha de pagamentos do Estado. No Facebook e no Twitter, surgiu um perfil chamado Despedômetro, cujos dados já acumulam a demissão de 26.676 funcionários públicos, sendo 16.697 municipais, 7.109 do Estado nacional e 2.870 das províncias.
O Governo Macri demitiu trabalhadores em diversos ministérios, no Centro Cultural Kirchner, em museus nacionais, na Rádio Nacional, na unidade de combate à lavagem de dinheiro, na estatal de armas Fabricaciones Militares e na fábrica de satélites Arsat. Além disso, o ministro da Modernização da Argentina, Andrés Ibarra, anunciou nesta terça-feira que estava analisando outros 25.000 contratos e prometeu mais demissões:
“Poderia haver mais demitidos se houver contratos que não cumprem funções específicas ou têm origem na militância financiada com dinheiro público”.