'WSJ': Cuba vira campo de batalha política e econômica entre os EUA e a China

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Matéria publicada nesta sexta-feira (18) no The Wall Street Journal, considera que enquanto trabalha para ampliar suas relações econômicas com Cuba, o governo americano está travando uma disputa por influência com um rival conhecido: a China.

Segundo a reportagem, nos 15 meses desde que a Casa Branca deu início ao reatamento das relações diplomáticas com Cuba — que vai culminar com a histórica visita do presidente Barack Obama à ilha, na próxima semana —, os Estados Unidos têm se deparado com crescentes esforços da China para fincar um pé no país caribenho. Voos diretos entre Pequim e Havana tiveram início em dezembro e o comércio da China com Cuba cresceu pelo menos 57% no ano passado em relação a 2014, para cerca de US$ 1,6 bilhão, segundo o governo chinês. Além disso, a China está liderando iniciativas para construir a infraestrutura de internet de Cuba.

“A influência chinesa está realmente por todo lado”, diz Richard Feinberg, um ex-diplomata dos EUA que estuda a economia cubana na Universidade da Califórnia, em San Diego, e no centro de estudos Brookings Institution, em Washington. “Do ponto de vista cubano, eles ainda são paranoicos com os EUA.”

Embora Cuba seja o segundo maior parceiro comercial da China, a ilha está bem atrás da Venezuela, ilustrando as oportunidades de negócios conhecido que o sistema cubano oferece à maioria dos países. As joint ventures e o investimento estrangeiro direto da China em Cuba são relativamente pequenos, embora devam crescer nos próximos anos. Atualmente, há planos para estimados US$ 460 milhões de investimentos em resorts, incluindo um projeto residencial de luxo próximo à Marina Hemingway que vai hospedar turistas chineses.

Mas, ao contrário de outros lugares onde os EUA e a China competem por influência, a proximidade e os laços culturais de Cuba com os EUA podem proporcionar uma vantagem aos americanos. Embora o governo cubano continue cético sobre as intenções dos EUA, a maioria dos cubanos simpatiza com os EUA e deseja os produtos americanos, dizem especialistas.

A Casa Branca aposta que os vínculos culturais entre os EUA e Cuba não só vão ajudá-la na disputa por influência com a China, como também na batalha pelo futuro político da ilha.

Essa dinâmica é ponderada à medida que uma série de negócios com grandes empresas americanas já começam a se formar entre os EUA e Cuba, às vésperas da visita de Obama. Várias grandes companhias americanas, inclusive a telefônica AT&T, devem fechar acordos que darão a elas uma presença em Cuba. Ontem, o Correios dos EUA anunciaram que seu serviço de correspondência direta com Cuba foi reativado pela primeira vez em mais de 50 anos.