Com reações opostas, Obama e Trump comentam morte de Fidel

Obama lembrou dos valores em comum; Trump o chamou de ditador

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O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, divulgou uma nota oficial neste sábado (26) sobre a morte de Fidel Castro e destacou que "a história vai registrar e julgar o enorme impacto desta figura singular nas pessoas e no mundo ao seu redor".

"Neste momento do falecimento de Fidel Castro, nós estendemos uma mão de amizade ao povo cubano. Sabemos que esse momento enche os cubanos - em Cuba e nos Estados Unidos - com emoções poderosas, relembrando as incontáveis maneiras com as quais Fidel Castro alterou o curso de suas vidas individuais, de suas famílias, e da nação cubana", escreveu o mandatário. Obama lembrou os quase 60 anos da falta de relações diplomáticas e destacou que "a relação entre os Estados Unidos e Cuba foi marcada por discórdia e desentendimentos políticos profundos".

"Durante a minha Presidência, nós trabalhamos muito para colocar o passado para trás, perseguindo um futuro no qual a relação entre nossos dois países seja definida não pelas nossas diferenças, mas pelas muitas coisas que compartilhamos enquanto vizinhos e amigos", acrescentou.

O atual presidente dos EUA, que foi chamado de "homem inteligente" pelo líder cubano, termina o comunicado desejando condolências à família de Fidel e dizendo que "nos dias que virão, eles [cubanos] se lembrarão do passado e também olharão para o futuro. Ao fazer isso, o povo cubano deve saber que eles têm nos Estados Unidos um amigo e parceiro".

Ao lado de Raúl Castro, o atual presidente de Cuba, Obama foi o responsável pela retomada das relações diplomáticas entre Estados Unidos e a ilha. No dia 18 de dezembro de 2014, os dois mandatários surpreenderam o mundo com a notícia e, desde então, vem ocorrendo uma aproximação em diversas áreas. O principal entrave, no entanto, permanece: o bloqueio econômico, que só pode ser derrubado pelo Congresso, continua vivo.

O líder norte-americano, no entanto, deu todos os passos possíveis para a reaproximação: reabriu a Embaixada na ilha cubana e foi o primeiro presidente dos EUA a visitar, oficialmente, Cuba em quase 90 anos. Seu secretário de Estado, John Kerry, foi a Havana para celebrar o momento de reaproximação e até arriscou falar espanhol.

A postura de Obama foi oposta a de seu sucessor, o republicano Donald Trump. O futuro presidente norte-americano, que ainda não indicou o secretário de Estado de seu governo, definiu Fidel como um "ditador brutal" e disse desejar um "futuro livre a Cuba". "Hoje o mundo fala da morte de um ditador brutal que oprimiu seu povo por quase seis décadas. Enquanto Cuba permanece uma ilha totalitária, deposito esperanças de que o dia de hoje marque o fim dos horrores suportados por tanto tempo e um futuro - no qual o magnífico povo cubano possa viver, finalmente, com a liberdade que merece", escreveu o republicano.

Há muitas incertezas sobre qual será a relação entre Cuba e EUA no governo do magnata, já que Trump tem uma postura protecionista e de fechamento ainda maior de mercados. Além disso, o novo mandatário deve seguir a linha do seu partido e manter o embargo econômico aos cubanos.