Alemanha investiga influência nazista no governo após 1945

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O governo alemão lançou uma investigação para descobrir de que forma redes nazistas conseguiram infiltrar o governo após a Segunda Guerra Mundial, inclusive a chancelaria, os ministérios e agências governamentais.

Para descobrir a verdade, o governo atual iniciou uma investigação da época mais complicada da história do país.

O custo da investigação supera 4 milhões de dólares e esta será realizada até 2020, informou o Ministério da Cultura da Alemanha num comunicado divulgado no sábado passado (26). Pelo menos um quarto do orçamento será alocado para descobrir a influência nazista no núcleo da política alemã – a Chancelaria Federal. 

Os investigadores vão prestar atenção especial às ligações pessoais de oficiais nazistas antes do fim da guerra e como estes mudaram após 1945, especialmente na chancelaria e em outros órgãos governamentais, destacou o jornal Deutsche Welle.  

De quem se trata?

Uma das figuras centrais na investigação é Hans Globke, oficial muito controverso do Leste alemão que serviu como chefe de gabinete e assessor de confiança do chanceler alemão Konrad Adenauer, o primeiro da época pós-guerra, entre 1953 e 1963.Globke é famoso também por ser coautor dos comentários oficiais às leis de Nuremberga, que serviram de base jurídica para a perseguição dos judeus. 

O projeto ambicioso lançado na Alemanha analisará também a influência de advogados da era nazista que ocuparam mais tarde altos postos no Ministério da Justiça alemão. De acordo com o relatório governamental divulgado em outubro e citado pelo Sueddeutsche Zeitung, em 1957 cerca de 77% de todos os funcionários do ministério eram ex-membros do Partido Nazista.

Obstáculos e controvérsias…

Embora a ideia pareça boa, existe uma série de obstáculos que podem minar o processo. Em particular, muitos documentos que têm a ver com altos responsáveis da época pós-guerra e suas possíveis ligações com os nazistas continuam sendo classificados. Muitos deles até mesmo foram destruídos pelos serviços secretos alemães. 

E, mais do que isso, nos finais de anos 1990 a Serviço Federal de Inteligência da Alemanha (BND na sigla em alemão) introduziu medidas extraordinárias de segurança em relação a informação controversa sobre Alois Brunner. O alto oficial das SS (em português "Tropa de Proteção"), ligado diretamente a Adolf Hitler, foi também confidente próximo de Adolf Eichmann e, depois, segundo várias informações, trabalhou no BND durante certo tempo.