Papa recebeu carta de vítima de abuso no Chile, diz agência
Segundo reportagem, documento foi entregue em março de 2015
O papa Francisco teria recebido, em março de 2015, uma carta de uma das vítimas de abuso sexual cometido pelo padre chileno Fernando Karadima, informou uma reportagem da agência de notícias norte-americana "Associated Press" nesta segunda-feira (5).
Segundo a matéria, o documento foi escrito por Juan Carlos Cruz e entregue para membros de uma comissão de consulta enviada pela Igreja Católica ao país para investigar se o bispo Juan Barros havia, de fato, acobertado as denúncias contra Karadima.
No retorno ao Vaticano, eles teriam dado a carta para o conselheiro de Francisco, cardeal Sean O'Malley, que, por sua vez, teria confirmado que deu a missiva nas mãos do Pontífice. O Vaticano não confirmou a informação do recebimento da carta.
De acordo com a agência, se comprovado que Jorge Mario Bergoglio realmente recebeu a carta de oito páginas, isso contradiz as declarações de "tolerância zero" contra os abusos dentro da instituição católica.
Durante a visita de Francisco ao Chile, uma série de protestos questionou a nomeação de Barros como arcebispo, em ato feito pelo atual líder da Igreja Católica em 2015. O próprio Vaticano havia "aposentado" Karadima por conta das inúmeras denúncias de assédio e abusos sexuais no país em 2011.
No país, ele teve um encontro com alguns daqueles que acusam o reverendo a portas fechadas, mas o conteúdo da conversa não foi revelado.
No entanto, durante o voo de volta da América do Sul para Roma, Bergoglio pediu desculpas por usar uma "expressão inapropriada", ao dizer que não há provas contra Barros. Segundo o Papa, a Igreja Católica continua investigando se o arcebispo ocultou os casos, mas ressaltou que "não pode condená-lo" porque não há "evidências" contra ele.