Putin inicia na segunda quarto mandato presidencial
O presidente russo, Vladimir Putin, inicia seu quarto mandato presidencial na segunda-feira (7), pelo qual permanecerá no comando da Rússia até 2024, depois de ter liderado o país por 18 anos, seja na presidência ou como chefe de Governo.
Putin foi reeleito em março com 76,7% dos votos para um novo mandato, seu melhor resultado eleitoral desde que chegou ao poder. O presidente devolveu à Rússia um status internacional ao preço de crescentes tensões com os países ocidentais.
A oposição e ONGs russas denunciaram milhares de irregularidades na eleição, como o preenchimento de urnas e o transporte de eleitores em ônibus.
A cerimônia de posse foi precedida por uma série de manifestações contra Putin, organizadas no sábado (5) em todo o país e convocadas pelo opositor Alexei Navalny, que foi preso brevemente, bem como mais de 1.500 de seus partidários.
Esses protestos, proibidos pelas autoridades, foram dispersados pelas forças de ordem. A mesma coisa aconteceu na véspera da posse de Putin em 2012. Houve confrontos com a polícia e vários manifestantes foram julgados e condenados a penas de prisão.
- Confronto Ocidente-Oriente -
Durante sua campanha eleitoral, o chefe do Kremlin fez declarações marciais, gabando-se das novas capacidades militares da Rússia e de seus "invencíveis" mísseis nucleares.
Mas depois de sua reeleição, declarou que reduziria os gastos militares em 2018 e 2019 e se recusou a lançar uma "corrida armamentista".
A anexação em 2014 da península ucraniana da Crimeia, aplaudida pela maioria dos russos, provocou um aumento da popularidade, já alta, de Putin. No entanto, a tarefa do presidente neste novo mandato "não é anexar novos territórios à Rússia, mas fazer o mundo inteiro levar em conta os interesses russos e aceitar essas conquistas", apontou à AFP o analista Dimitri Oreshkin.
O envolvimento russo na crise ucraniana rendeu a Moscou várias rodadas de sanções impostas pelos ocidentais.
A Rússia também enfrenta as potências ocidentais no cenário sírio, com seu apoio inabalável ao regime de Bashar al-Assad, e seu envolvimento militar desde setembro de 2015.
Moscou também é acusado de interferir na eleição de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos, e essa rivalidade entre o Oriente e o Ocidente foi acentuada ainda mais desde que Londres acusou os russos de envenenarem um ex-agente duplo russo na Grã-Bretanha em março.
Vladimir Putin descreveu essas acusações como absurdas.
- E depois de 2024? -
Putin permanecerá no cargo até 2024, ano em que celebrará seus 72 anos.
Questionado na noite de sua reeleição sobre uma possível candidatura no final de seu próximo mandato, o quarto, Putin respondeu: "O que? Ficar aqui até os meus 100 anos de idade? Não!"
A menos que a Constituição seja reformada, Putin não poderá voltar a se candidatar em 2024.
Segundo os observadores, o presidente russo poderia usar os próximos seis anos de mandato para preparar um sucessor.
Mas no momento nenhum nome desponta.
Também não se exclui a possibilidade que deixe o poder de forma antecipada, de acordo com o analista Konstantin Kalatshev.
"Ele está cansado e sabe que deve partir quando estiver no topo", indicou Kalatshev à AFP.
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