Grécia absolve socorristas espanhóis e dinamarqueses julgados por tráfico de imigrantes

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O tribunal de Mitilene, capital da ilha grega de Lesbos, absolveu nesta segunda-feira (7) três socorristas espanhóis e dois dinamarqueses que haviam sido acusados de contribuir para a entrada ilegal de imigrantes na ilha do Mar Egeu.

O juiz se opôs à acusação do promotor, que havia solicitado um veredicto de culpabilidade para os cinco.

"Justiça foi feita (...) é uma grande vitória para a ajuda humanitária", declarou em um tuíte a ONG Proem-AID, à qual pertencem os três bombeiros espanhóis de Sevilha (sul), que contaram com uma campanha de apoio na Espanha e entre grupos humanitários.

"Estou emocionado, poderemos enfim descansar. Faltava pouco, mas o processo era sempre arrastado", explicou Quique Rodriguéz, um dos bombeiros espanhóis à imprensa. "Agora estou muito contente", acrescentou.

"Salvar vidas não é crime", disseram em inglês os cinco socorristas ao final da audiência, que contou com a presença de muitos simpatizantes espanhóis, gregos e de outros países europeus.

As duas testemunhas de acusação, da Guarda Costeira grega, indicaram que os acusados não avisaram que saíram para o mar no dia de sua detenção e que a embarcação não estava apta para resgate, sem mais provas.

Os espanhóis responderam por ajudar imigrantes ilegais a entrar na Grécia, enquanto os dinamarqueses foram acusados de tráfico de imigrantes, passível de uma pena de prisão.

O ministro espanhol das Relações Exteriores, Alfonso Dastis, escreveu no Twitter: "Estou muito contente que os sevilhanos Manuel Blanco, Julio Latorre e Quique Rodriguez @proemaid foram absolvidos de todas as acusações. @MAECgob (Ministério das Relações Exteriores) e @EmbEspAtenas (embaixada espanhola em Atenas) apoiamos os nossos cidadãos no processo. Um grande trabalho humanitário no Mediterrâneo".

No momento de sua detenção, em janeiro de 2016, todos os acusados estavam envolvidos nos resgates de refugiados que partiam da costa turca.

Milhares de imigrantes e refugiados, em sua maioria sírios, arriscaram suas vidas para chegar à Europa por meio dessa ilha.

"Este julgamento é importante, já que a assistência humanitária não pode e não deve ser criminalizada", disse à AFP um dos acusados da Team Humanity, Salam Aldeen.

Numerosos pescadores do pequeno porto de Sykaminia, um dos principais locais de desembarque dos imigrantes, estiveram presentes na audiência para testemunhar à imprensa sobre o trabalho dos socorristas.

Os réus "só ajudavam a salvar vidas, quando, na época, a guarda costeira grega admitia estar sobrecarregada e as pessoas estavam se afogando", indicou um dos advogados dos espanhóis, Haris Petsikos.

De acordo com um dos bombeiros, Manuel Blanco, a Guarda Costeira grega os prendeu quando retornavam no meio da noite de uma missão de resgate, que teve de ser interrompida porque a embarcação em apuros não foi localizada.

Mais de mil imigrantes, incluindo muitas crianças, se afogaram entre 2015 e 2016 na estreita faixa de mar que separa a costa turca das ilhas do Mar Egeu, uma rota migratória usada por milhões de pessoas.

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