ONU acusa forças de segurança e milícias da RDC de crimes de guerra
Especialistas da ONU que investigaram as atrocidades cometidas desde 2016 contra populações civis na região de Kasai, na República Democrática do Congo, acusaram nesta terça-feira (26) as forças de segurança e as milícias locais de crimes de guerra e de lesa-humanidade.
"É urgente estabelecer uma política de desarmamento das milícias e um processo de reconciliação para evitar uma nova onda de violência e permitir o retorno de deslocados e de refugiados", disseram os investigadores da ONU, que receberam um mandato de um ano em junho de 2017 do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas.
Entre 2016 e 2017, a região de Kasai, na República Democrática do Congo, foi palco de um violento conflito originado após a morte do chefe local Kamuina Nsapu, em 12 de agosto de 2016.
Os confrontos entre as milícias Kamuina Nsapu e as forças de segurança, apoiadas - segundo o informe - pelas milícias Bana Mura, deixaram mais de 3.000 mortos e 1,4 milhão de deslocados.
Segundo os investigadores da ONU, que puderam ver a situação no terreno, "alguns dos abusos cometidos pelas forças de defesa e de segurança, pelas milícias Bana Mura e pela milícia Kamuina Nsapu constituem crimes de lesa-humanidade, ou crimes de guerra, assim como violações e vulnerações dos direitos humanos".
Segundo o informe, os ataques lançados pelas forças de segurança e defesa, a milícia Kamuina Nsapu e as milícias Bana Mura "foram cometidos contra populações civis de forma generalizada, ou sistemática, e seguindo a política de um Estado, ou de uma organização, cujo fim era esse ataque".
Esses fatos constituem crimes de lesa-humanidade, segundo os especialistas, que citam assassinatos, estupros, escravidão - sobretudo, sexual -, perseguições e outros atos desumanos.
Lamentam, porém, que "subsiste um problema muito grave de impunidade à luz da amplitude e da gravidade dos crimes".
Seu relatório deve ser apresentado ao Conselho de Direitos Humanos em 3 de julho.
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