Boas atuações em filme carregado

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A s interpretações de Javier Bardem e Maricel Álvarez valorizam inegavelmente B i a u t iful , de Alejandro González Iñarritu, que perdeu o Globo de Ouro de filme estrangeiro para o dinamarquês Em um mundo melhor , de Susanne Bier. O personagem principal, Uxbal, bate na tela como um acúmulo de tragédias: descobre-se vítima de câncer terminal, não tem com quem deixar os dois filhos, ainda crianças (uma vez que a ex-mulher, bipolar e alcoólatra, passa longe do equilíbrio emocional), e é cada vez mais atingido pelas consequências decorrentes do envolvimento com a imigração ilegal. A sobrecarga não é novidade na obra de Iñarritu (agora sem a colaboração do roteirista Guillermo Arriaga), a julgar por Babel e, em especial, 21 gramas .

O arco dramático de Uxbal se revela previsível. Da confiança e aparente solidez inicial, ele começa a se transfor mar após receber o diagnóstico da doença e tenta, sem sucesso, mudar sua postura diante do mundo terminando por enveredar na degradação. O filme se torna menos histérico à medida que o protagonista se depara com a própria impotência frente à realidade.

Mesmo distante da força de Amores brutos , ainda seu melhor trabalho, Iñarritu permanece um artesão competente, a exemplo da habilidade com que materializa o cotidiano claustrofóbico de Uxbal em espaços insalubres, destituídos de privacidade, numa Barcelona oposta à dos cartões-postais.