Um porto seguro para novos talentos
Em sua 14ª edição, Mostra Tiradentes reafirma posição como plataforma para jovens realizadores A o assumir a curadoria da Mostra Tiradentes, há quatro anos, o crítico de cinema Cléber Eduardo começou a desenhar o perfil do festival. Até então aberto a todo tipo de contribuição, a maratona mineira, cuja 14ª edição começa hoje na cidade histórica, passou a priorizar o trabalho de novos realizadores, e criou até uma seção competitiva para acomodá-la, a Aurora, que este ano exibe sete longas-metragens. A opção é uma reação à constante renovação de profissionais de cinema, cuja produção, em geral, não en contra formas de escoamento no mercado.
– Essa escolha nos permite exibir filmes com menos acesso ao circuito e, ao mesmo tempo, nos estimula a estar de olhos abertos para o que apresentam esses novos diretores, sem hierarquizá-los, por origem, formação ou filmografia de curtas, já que muitos estreantes, em função de seus curtas, já chegam ao longa como “autores” – explica Eduardo.
Este ano, disputam o prêmio principal as produções cariocas Enchente , de Julio Pecly e Paulo Silva, e Riscado , de Gustavo Pizzi, premiado com o troféu Redentor de melhor atriz (Karine Teles) no Festival do Rio do ano passado; as paulistas Sertão progresso , de Cristian Cancino, e Santos Dumont – Pré-cineasta? , de Carlos Adriano; as mineiras Remições do Rio Negro , de Erlan Souza e Fernanda Bizarria, e Os residentes , de Tiago Mata Machado, vencedor de quatro Candangos no último Festival de Brasília, e a pernambucana Vi gias , de Marcelo Lordello. O Aurora é aberto a diretores em seu primeiro ou segundo trabalho.
– Queremos jogar luzes sobre esse processo de renovação sem com isso carimbar os filmes selecionados com um selo de qualidade. Eles têm mais um perfil que uma garantia de êxito estético – observa o curador. – Esse perfil é de uma procura, de uma falta de receios, são filmes com níveis distintos de coragem e de atrevimento. Mas todos são calcados em estímulos para se fazer de um modo particular.
Até o final do evento, dia 29, serão exibidos 134 títulos, entre longas e curtas, em sessões gratuitas e abertas ao público, distribuídos em diversas seções. A programação oficial será aberta com a projeção de O gerente , novo filme do veterano Paulo Cézar Saraceni, um dos homenageados desta edição – o outro é o ator pernambucano Irandhir dos Santos. Tiradentes também receberá o 14º Seminário do Cinema Brasileiro, promoverá encontros com críticos e lançará livros sobre cinema.