Jornalismo: Festa no Senado
Na solenidade em comemoração aos 120 anos do Jornal do Brasil, o reconhecimento dos parlamentares
A Casa Alta, considerada o céu de estrelas do parlamento brasileiro, foi palco ontem para o brilho de uma marca respeitada, o Jornal do Brasil, numa sessão solene em homenagem aos 120 anos de sua fundação. Durante quase três horas, oito senadores se revezaram na tribuna para contar como o JB, aclamado por todos como um dos guardiães da imprensa livre brasileira, entrou em suas vidas. Da baianidade de Walter Pinheiro (PT-BA) ao reconhecimento de Pedro Simon (PMDB-RS) a um de seus portos seguros na ditadura militar; da conectividade on line de Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), navegando com seu Ipad pelo site do jornal, às revelações de Lindbergh Farias (PT-RJ) – descoberto pelo colunista Carlos Castelo Branco ainda na puberdade política; dos históricos nomes lembrados pelo anfitrião da sessão, Marcelo Crivella (PRB-RJ), sem esquecer os colunistas da atualidade, às declarações de respeito de Álvaro Dias (PSDB-PR); cada um dos nobres senadores presentes destacou também o avanço do diário no novo rumo da era digital. Outros tantos senadores, representantes de Norte a Sul do Brasil, impossibilitados de irem a Brasília nesta segunda-feira, enviaram suas congratulações, como se verá nas próximas páginas. Num exemplo de que a credibilidade conquistada pelos 120 anos de bom jornalismo supera o tempo.
Pioneirismo no novo mundo
Ana Paula Siqueira
A presidente do Jornal do Brasil, Ângela Moreira, lembrando o viés pioneiro da instituição, reafirmou o compromisso do JB com a informação verdadeira e de qualidade. Ela avalia que as mudanças pelas quais o jornal passou correspondem à nova forma de comunicação criada com a chegada da internet, quebrando o antigo paradigma de que uma pessoa escreve e as demais lêem.
Ângela acentua que o jornal entendeu que “o mundo não se comunica mais de um para muitos”, e que a interatividade é fundamental para levar ao leitor a informação que ele quer ter. Além disso, a presidente do JB observa que este novo leitor não se satisfaz apenas com a edição impressa, e está atento aos desdobramentos dos fatos. Por isso, o Jornal do Brasil mudou-se de vez para internet, que nas palavras da presidente, possui “fabulosos recursos”.
– Decidimos transferir a edição diária para uma escala jamais sonhada pela imprensa impressa graças aos fabulosos recursos oferecidos pela internet – enfatiza. –Incorporamos o axioma do celular: em qualquer hora, a qualquer pessoa e em qualquer lugar.
Lembrando grandes nomes que passaram pela redação do JB ao longo dos seus 120 anos – como Rui Barbosa, Joaquim Nabuco e o Barão do Rio Branco – Ângela avalia que o jornal consegue ser culto com linguagem popular. Ela explicou que a nova fase conta com dois tipos de mídias: um em tempo real, alimentado com informações da redação e de agências de notícias do Brasil e do exterior; e outra, que corresponde à blogosfera e à Sociedade Aberta, com a participação intensa dos leitores, que atuam ativamente com informações e notícias.
Pelo JB, o primeiro emprego
Ana Paula Siqueira
O senador Wilson Santiago (PMDB-PB) abriu a sessão e elogiou a postura empresarial e a contribuição do JB ao jornalismo brasileiro. Ele ressaltou o pioneirismo do jornal – que, após ter sido o primeiro órgão de imprensa brasileiro na internet, tornou-se também o primeiro exclusivamente digital.
– É o futuro que aguarda não só o Jornal do Brasil como todos os outros meios de comunicação. É uma grande data não apenas para história do JB, mas de todo o jornalismo nacional – enfatizou.
Autor do requerimento para realização da homenagem, o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) elogiou o empresário Nelson Tanure e importantes nomes do jornalismo brasileiro que honram o JB com suas palavras: Luiz Orlando Carneiro e Mauro Santayana.
Crivella também lembrou nomes que passaram pelo JB ao longo da história, como Joaquim Nabuco, que nas páginas do jornal brigou pelo fim da escravidão no país. Lembrando o pioneirismo da publicação, revelou que encontrou seu primeiro emprego nos classificados do JB, aos 14 anos.
– O jornal chegou a patamares editoriais e jornalísticos de excelência – elogiou.
Líder da oposição no Senado, Alvaro Dias (PSDB-PR) classificou o JB como “guardião da liberdade no país”.
– Ao festejarmos os 120 anos do JB, desejo destacar o compromisso com a democracia. Para o Jornal do Brasil, certamente, lutar pela liberdade sempre terá valido a pena. Continuar lutando também – disse Dias.