Gabriel tenta repetir trilha olímpica de Taffarel 

Por Fábio de Mello Castanho

Tudo levava a crer que Gabriel assistiria aos Jogos Olímpicos de Londres das arquibancadas, mas o goleiro disputará a decisão do torneio masculino de futebol neste sábado, às 11h (de Brasília), contra o México, no Estádio de Wembley. De terceira opção, sequer inscrito, a titular por opção técnica de Mano Menezes, o jovem de 19 anos tenta repetir uma trilha semelhante à de Taffarel, camisa um que fez história na Seleção Brasileira.

O goleiro tetracampeão ainda dava os primeiros passos no Internacional quando foi convocado para integrar a Seleção que viajou a Seul. No ano anterior, tinha feito sua estreia pelo País nos Jogos Pan-Americanos de Indianápolis. Acabou como destaque da campanha na Coreia do Sul, principalmente ao fechar o gol na semifinal contra a Alemanha Ocidental agarrando três pênaltis, um no tempo normal e dois no desempate. Foi o passe para virar goleiro da Seleção principal, que na época sofria com a instabilidade de Paulo Vitor e Zé Carlos.

Assim como em 1987, o Brasil passa por uma crise na posição. Júlio César está com a carreira na descendência e Mano Menezes ainda não achou o goleiro para a Copa de 2014. Uma boa campanha na Olimpíada pode significar oportunidade de mostrar trabalho na principal. Convocado para ser titular, Rafael Cabral teria essa chance, mas se lesionou, foi cortado e abriu espaço para Neto jogar e Gabriel ser inscrito como reserva.

Passados dois jogos com Neto visivelmente inseguro, Mano resolveu dar uma chance ao reserva contra a Nova Zelândia, com o Brasil já classificado para as quartas de final. Gabriel aproveitou e não saiu mais do time. Trajetória que surpreende a ele mesmo, que viajou a Londres apenas por precaução da comissão técnica e já estava conformado em ter de ver os jogos da arquibancada.

"Claro que é uma surpresa por toda a trajetória. Eu fiquei na lista de espera, trabalhando e aconteceu o imprevisto de o Rafa se machucar. O treinador deu oportunidade contra a Nova Zelândia e quis me escalar de novo Talvez só minha família acreditasse. É difícil de acontecer, mas aconteceu", conta.

De semelhança com Taffarel, Gabriel tem a facilidade em agarrar pênaltis. Nos treinos, tem se destacado ao parar cobranças dos companheiros e pode ser decisivo caso o ouro seja definido nos pênaltis. O goleiro teve participação importante no título do Sul-Americano e do Mundial Sub-20 no ano passado, mas não jogou como profissional no clube formador Cruzeiro e vai começar sua passagem pelo Milan na próxima temporada.

Por outro lado, Gabriel ainda não conseguiu passar segurança no gol brasileiro. Na partida contra Honduras, concordou que poderia ter evitado o segundo gol. Diante da Coreia do Sul, errou saídas de bola e no começo do jogo deu sinais de nervosismo. Mesmo assim, vê evolução. "Cada jogo você vai pegando mais confiança. Estou bem mais confiante tranquilo e a cada jogo vou crescer", disse.