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Presidentes do Chile e do Uruguai criticam falas de Lula sobre Venezuela e Nicolás Maduro

Petista afirmou que acusações de violações de direitos humanos e ações antidemocráticas na Venezuela seriam 'narrativas'

Por Gabriel Mansur
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Publicado em 30/05/2023 às 19:29

Alterado em 30/05/2023 às 20:30

Gabriel Boric e Luis Lacalle Pou Foto: Governo do Chile/Governo do Uruguai

Luis Lacalle Pou, presidente do Uruguai, e Gabriel Boric, presidente do Chile, criticaram a teoria de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), presidente do Brasil, de que as acusações de violações de direitos humanos e ações antidemocráticas na Venezuela seriam "narrativas".

As declarações dos representantes sul-americanos foram dadas durante encontro da cúpula dos presidentes da América do Sul, nesta terça-feira (30), um dia após o petista se reunir bilateralmente com Nicolás Maduro.

Lacalle Pou, por exemplo, se disse surpreso tanto com o encontro em si quanto com a declaração .

"Devo dizer que fiquei surpreso quando se falou que o que acontece na Venezuela é uma narrativa. Já se sabe o que nós pensamos da Venezuela e do governo da Venezuela. Se há tantos grupos no mundo que tentam intermediar para que a democracia seja plena na Venezuela, para que se respeitem os direitos humanos, o pior que podemos fazer é tapar o sol com o dedo. Coloquemos o nome que tem, e vamos ajudá-los", afirmou o centro-direitista Pou.

Em seguida, ele afirmou que nomeou um embaixador na capital da Venezuela, Caracas, porque os uruguaios têm afinidade com os venezuelanos. Lacalle Pou também destacou que não cabe aos presentes na reunião escolher o governo venezuelano, mas que eles podem opinar.

Lula e o próprio presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, estavam na mesa.

Gabriel Boric

Na mesma toada, o esquerdista Gabriel Boric afirmou ter manifestado discrepância em relação à declaração de Lula. O chileno é um crítico frequente da ditadura venezuelana.

A entrevista foi dada na saída da reunião entre os presidentes sul-americanos.

"Expresso, respeitosamente, que tenho uma discrepância com o que disse o senhor presidente Lula, no sentido de que a situação dos direitos humanos na Venezuela foi uma construção narrativa, não é uma construção narrativa, é uma realidade, é grave e tive a oportunidade de ver, vi o horror dos venezuelanos. Essa questão exige uma posição firme", afirmou o presidente do Chile.

Boric disse que está contente que a Venezuela volte a instâncias multilaterais porque acredita que nesses espaços é onde os problemas se resolvem. "Isso, porém, não pode significar fazer vista grossa às questões que são importantes para nós desde o início", disse.

O caso

Na segunda-feira, durante conferência de imprensa ao lado de Maduro, a quem recebeu para uma reunião bilateral, Lula afirmou que havia se construído uma "narrativa de antidemocracia a autoritarismo" contra a Venezuela.

"Se eu quiser vencer uma batalha, eu preciso construir uma narrativa para destruir o meu potencial inimigo. Você sabe a narrativa que se construiu contra a Venezuela, de antidemocracia e do autoritarismo", afirmou.

"Está nas suas mãos, companheiro, construir a sua narrativa e virar esse jogo para que a gente possa vencer definitivamente e a Venezuela volte a ser um país soberano, onde somente o seu povo, através de votação livre, diga quem é que vai governar aquele país", concluiu.