No G7, Lula defende tratado para proibir armas nucleares e cobra mesma mobilização mundial contra guerras 'ignoradas'
Presidente brasileiro quer diálogo para o conflito na Ucrânia, mas cobrou mesma mobilicação mundial para a Palestina, Armênia, Kosovo, Iêmen, Síria, Líbia e Sudão
Em discurso durante a sessão de trabalho do G7 no Japão, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reiterou seu apoio à reforma do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).
No encontro, que teve como tema "Rumo a um mundo pacífico, estável e próspero", Lula afirmou que o conselho está mais inerte do que nunca, criticando os membros permanentes por travarem guerras não autorizadas em busca de expansão territorial ou mudança de regime.
Sentado entre o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, Lula enfatizou a importância do diálogo e repudiou o uso da força como meio de resolver disputas. Ele também condenou a violação da integridade territorial da Ucrânia, enquanto estava ao lado do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.
Lula destacou a necessidade de uma solução baseada no diálogo para o conflito na Ucrânia e instou a comunidade internacional a mobilizar-se também em relação a outros conflitos, mencionando os casos de israelenses e palestinos, armênios e azeris, kosovares e sérvios, bem como os povos do Iêmen, Síria, Líbia e Sudão.
Além disso, o presidente brasileiro defendeu a ratificação do Tratado para a Proibição de Armas Nucleares, argumentando que elas não trazem segurança, mas são instrumentos de extermínio, destacando a possibilidade de seu uso enquanto elas existirem.
Encontro com o secretário-geral
Após a sessão de trabalho, Lula se encontrou com o secretário-geral da ONU, António Guterres, reforçando a necessidade de reforma do Conselho de Segurança e discutindo o conflito na Ucrânia.
A questão ambiental também foi abordada durante o encontro, com Lula mencionando a Cúpula da Amazônia que ocorrerá em Belém, em agosto.
Guterres expressou apoio à iniciativa brasileira de criar um grupo de cooperação composto por nações amazônicas, Indonésia e República Democrática do Congo, países que possuem grandes florestas.
Agenda
Nas reuniões bilaterais, Lula discutiu a relação entre o Brasil e a Índia com o primeiro-ministro Narendra Modi, ressaltando a importância desses países na configuração de uma nova geopolítica global.
Ele também se encontrou com o primeiro-ministro do Vietnã, Pham Minh Chinh, para discutir o aumento do comércio entre os dois países e a cooperação em áreas como ciência e tecnologia, incluindo a possibilidade de um acordo entre o Vietnã e o Mercosul.
Outro encontro significativo foi com o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, no qual foram discutidos comércio, meio ambiente e questões relacionadas a conflitos armados.
Ao presidente de Comores, Azali Assoumani, Lula reafirmou o apoio do Brasil ao pleito da União Africana por uma vaga no G20.
Eles também discutiram a necessidade de maior cooperação tecnológica bilateral e a possibilidade de utilizar bancos de fomento, como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Banco Africano de Desenvolvimento, em questões de infraestrutura.