Os problemas de Trump com a justiça: dinheiro para silenciar atriz pornô e condenação por abuso
Ele é o primeiro ex-presidente dos EUA condenado por abuso sexual e difamação
O ex-presidente americano, Donald Trump, fará 77 anos na próxima quarta-feira, dia 14. Será um dia após seu comparecimento ao tribunal de Miami por crimes federais em relação ao manuseio de documentos sigilosos. Em sua plataforma, Truth Social, ele anunciou ter sido citado a comparecer ao tribunal: “Eu sou um homem inocente”, disse. Para todas as outras acusações, Trump também alega inocência e acrescenta que há um suposto complô do governo democrata para tirá-lo das eleições de 2024.
Donald Trump coleciona alguns feitos considerados constrangedores pela imprensa americana, como ser o primeiro ex-presidente do país a sofrer acusações federais, ou ser o primeiro condenado por abuso sexual e difamação. A escritora americana Elizabeth Jean Carrol afirmou ter sido abusada sexualmente pelo ex-presidente na década 1990, em uma loja de departamentos da rede Bergdorf Goodman, em Manhattan. A justiça de Nova York decidiu, em 9 de maio deste ano, que Trump deve pagar indenização de US$ 5 milhões (em torno de R$ 25 milhões). O ex-presidente foi inocentado da acusação de estupro.
A condenação de Donald Trump por abuso sexual também veio acompanhada por outra, de difamação, pela mesma escritora. Elizabeth Carroll, hoje com 79 anos, foi chamada de mentirosa pelo ex-presidente em sua rede social, Truth Social, em outubro de 2020. Ele afirmou que as acusações da escritora eram "uma fraude completa".
É importante lembrar que outro ex-presidente dos EUA, Bill Clinton, também foi acusado de assédio sexual: foi o caso Paula Jones, arquivado em 3 de abril de 1998. Paula disse que foi assediada por Clinton durante uma conferência no Hotel Excelsior, em Arkansas, em 1991. Na época em que o caso foi arquivado, Clinton disse: “Obviamente me sinto aliviado. A decisão da juíza fala por si só. Mas a coisa mais importante é que posso voltar agora e continuar o trabalho que eu estava fazendo”. Ele foi presidente entre 1993 e 2001.
Um suposto complô e o silenciamento da atriz pornô
Não é a primeira vez que Donald Trump é acusado de abuso ou assédio sexual. Mais de dez mulheres já o acusaram disso, mas é a primeira vez que uma dessas acusações se transforma em condenação por um júri. Isto se junta a outras como a recente acusação sobre retenção de documentos sigilosos (as notícias sobre o indiciamento oficial surgiram nesta sexta-feira, dia 9).
Por este último caso, Trump chamou a administração do presidente Biden de corrupta em sua rede social.
O republicano acusou Biden de praticar o ato de que ele, Trump, é acusado: reter documentos federais e ainda ser negligente com a proteção desses papéis. Trump prossegue em sua guerra de discursos, pensando nas eleições de 2024. O próximo passo do ex-presidente é derrotar seus dois rivais dentro do partido Republicano: Mike Pence (ex-vice de Trump) e Ron DeSantis (governador da Flórida).
Trump se considera favorito para vencer a disputa presidencial por causa de pesquisas recentes que o colocam em primeiro lugar. O jornal Washington Post mostrou que 49% dos entrevistados votariam em Trump, enquanto 42% escolheriam o atual presidente Joe Biden. Essa porcentagem está coerente com outra, sobre a aprovação do governo Biden pelos americanos. O presidente dos EUA, segundo a Reuters/Ipsos, tem aprovação de 41% da população. Esse número não é considerado ruim, porque o país convive com problemas na economia, além de uma tensa relação do governo com o Congresso. Os democratas entendem que se a economia melhorar, os índices de aprovação irão subir.
Trump pensa diferente. Ele considera que Biden não irá mudar sua baixa aprovação, por esse motivo teriam surgido, de acordo com o republicano, as acusações sofridas nos últimos tempos. Elas seriam apenas uma forma de o governo democrata tirá-lo da disputa eleitoral. Pesa contra o ex-presidente o fato de ter muitas contas a acertar com a justiça americana: a comprovada fraude fiscal de suas empresas (condenado em dezembro de 2022), o seu papel no assalto ao Capitólio, ou este último caso, dos documentos confidenciais guardados em sua casa. O escândalo, no entanto, que mais chamou atenção foi o do pagamento de dinheiro para encobrir um caso extraconjugal de 2006. Porque será a primeira vez que um presidente (aposentado ou em exercício) irá sentar-se diante de um tribunal.
A história começou com uma acusação da atriz pornô Stormy Daniels (seu nome verdadeiro é Stephanie Clifford). Ela disse que conheceu Trump em um torneio de golfe beneficente em julho de 2006. Nessa época, a esposa do republicano, Melania, tinha dado à luz recentemente ao filho Barron. Daniels falou que ela e Trump fizeram sexo uma vez no quarto de hotel dele, em Lake Tahoe, uma área de resorts entre a Califórnia e Nevada. Dez anos depois, em 2016, a atriz afirmou que aceitou US$ 130 mil (em torno de R$ 650 mil) do ex-advogado de Trump, Michael Cohen, em troca de silêncio. Era época de eleições presidenciais.
O advogado foi preso depois sob várias outras acusações. O assunto surgiu apenas em 2018. E em 30 de março de 2023, um juiz de Nova York marcou o julgamento do caso: 25 de março de 2024. Será o ano de eleições presidenciais.