'Frente russa está mais fraca', diz chanceler da Itália após rebelião do grupo Wagner

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Por JB INTERNACIONAL

O ministro das Relações Exteriores da Itália, Antonio Tajani

O ministro das Relações Exteriores da Itália, Antonio Tajani, disse neste domingo (25) que "a frente russa está mais fraca hoje do que ontem", referindo-se à revolta da organização paramilitar Grupo Wagner na Rússia.

"Uma coisa é certa: hoje a frente russa está mais fraca do que ontem. Espero que agora a paz esteja mais próxima.

Estamos esperando para entender os próximos movimentos da Rússia na Ucrânia", disse o chanceler italiano em entrevista ao jornal "Il Messaggero".

Tajani enfatizou ainda que o governo italiano não interfere nos assuntos internos da Rússia, mas está acompanhando de perto a situação para garantir a segurança dos mais de 5,4 mil italianos presentes no território comandado pelo presidente Vladimir Putin.

Para o ministro italiano, a rebelião demonstra que "acabou o mito da unidade da Rússia de Putin". "É o resultado inevitável quando uma legião de mercenários é apoiada e financiada", acrescentou.

Tajani sustentou que "todas as iniciativas pela paz são bem-vindas" e agradeceu ao Papa Francisco por promover uma missão do Vaticano.

"Agradecemos que o papa Francisco tenha recebido [o presidente ucraniano, Volodimir] Zelensky e nomeado o cardeal [Matteo] Zuppi como enviado. Para nós, só existe uma paz justa e esta coincide com a restauração da integridade territorial ucraniana", ressaltou.

De acordo com Tajani, a mediação chinesa "tem aspectos positivos, mas tem uma falha fundamental: não fala em uma retirada imediata das tropas russas".

"Um cessar-fogo que deixa parte dos territórios ucranianos nas mãos dos russos não é uma solução", explicou ele.

Em julho, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) se reunirá em Vilnius. Questionado se é a favor da adesão de Kiev, o ministro italiano respondeu que "é necessário um processo gradual".

"O primeiro passo é criar o Conselho Otan-Ucrânia e reiniciar o processo de ampliação iniciado em Bucareste em 2008, assim que o conflito terminar", afirmou.

Já sobre a entrada da Ucrânia na União Europeia, Tajani garantiu que "faremos todo o possível para que ela entre. Com a condição, presumivelmente, de que as normas comunitárias sejam respeitadas e as reformas necessárias sejam implementadas, como exemplo de luta contra a corrupção".

As declarações do chanceler da Itália são dadas menos de 24 horas após a intervenção de Minsk para encerrar o avanço dos mercenários em direção a Moscou.

Desde então, o líder do Grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, parece ter desaparecido após ter concordado em deixar a Rússia e ir, neste momento, para a Belarus. No entanto, ainda não está claro onde ele está agora.

A última aparição de Prigozhin foi em um vídeo, no qual ele deixa a sede do distrito militar em Rostov-on-Don depois de concordar em se mudar para o território bielorrusso. O Kremlin já havia dito que nenhum mercenário enfrentará ações legais por participar da marcha até Moscou.

Segundo o jornal "The New York Times", citando fontes de inteligência, as autoridades norte-americanas foram informadas há dias dos planos do chefe da organização privada de mercenários.

Para o secretário de Estado do governo de Joe Biden, Antony Blinken, "a crise na Rússia revela rachaduras no sistema de poder de Vladimir Putin".

De acordo com Blinken, a tentativa de revolta do Grupo Wagner foi "um desafio direto à autoridade de Putin que levanta questões profundas".

Por sua vez, o Instituto para o Estudo da Guerra (ISW) afirma que o motim de Prigozhin pode ter falhado, mas o Kremlin agora enfrenta uma situação "profundamente instável". (com agência Ansa)