Candidata de esquerda e liberal bilionário vão disputar 2º turno das eleições no Equador

Luisa González recebeu 33,27% dos votos, enquanto Daniel Noboa Azin teve 23,68%

Por GABRIEL MANSUR

Luisa Gonzáles e Daniel Noboa disputam a Presidência do Equador

Em um processo eleitoral abalado pela violência política e pelo narcotráfico, o Equador foi às urnas, neste domingo (20), para escolher um novo presidente. Mas os resultados apontaram que a disputa será decidida no segundo turno, em 15 de outubro.

Luisa González, candidata de esquerda ligada ao ex-presidente Rafael Correa (2007-2017), venceu, neste domingo (20), o primeiro turno com 33,27% dos votos. O empresário liberal Daniel Noboa Azin, representante da centro-direita e filho de um dos maiores bilionários do país, ficou em segundo, com 23,68%.

Christian Zurita (16%), que substituiu Fernando Villavicencio, assassinado a tiros 11 dias antes do pleito, ficou em terceiro lugar, com 16%. Em seguida, vêm o direitista Jan Topic (15%), o centrista Otto Sonnenholzner (7%) e o líder indígena Yaku Pérez (4%). Bolívar Armijos e Xavier Hervas não chegaram a 1% cada um.

Diante da tensão provocada ao longo da jornada eleitoral, os candidatos votaram protegidos por esquemas de segurança sem precedentes, com coletes à prova de bala e capacetes. O governo declarou estado de exceção após o assassinato do presidenciaável Villavicencio, em 9 de agosto.

As autoridades mobilizaram mais de 100 mil policiais e soldados para proteger a votação. O general Fausto Salinas, comandante-geral da Polícia Nacional, disse que uma pessoa foi presa por voto falso, duas por assédio e resistência à prisão e mais de 20 por porte ilegal de armas.

Ainda assim, a principal autoridade eleitoral do país, Diana Atamaint, informou que nenhum incidente violento afetou os centros de votação e caracterizou a eleição como “pacífica e segura” após o fechamento das urnas.

Esquerda x direita

González, de 45 anos, e Noboa, de 35, protagonizarão um novo confronto entre esquerda e direita, a terceira disputa do tipo no pequeno país de 18,3 milhões de habitantes. O resultado do primeiro turno prenuncia uma volta da esquerda ao Equador, que também venceu nas eleições regionais em fevereiro. A disputa será com um candidato que representa a elite econômica e empresarial, como ocorreu em 2021, quando venceu o banqueiro Guillermo Lasso, atual presidente.

Crise inconstitucional

Além da violência, há uma crise institucional que deixou o país sem um Congresso nos últimos três meses, quando o impopular presidente Guillermo Lasso (direita) decidiu dissolver o Parlamento e convocar eleições antecipadas para evitar um processo de impeachment por corrupção.