MUNDO

Ministério da Saúde de Gaza diz que ataque israelense matou ao menos 500 em hospital; Israel culpa Jihad Islâmica

O hospital Ahly Arab atendia centenas de feridos, mas também se tornou refúgio para os civis após ordem de evacuação de Israel

Por Gabriel Mansur
[email protected]

Publicado em 17/10/2023 às 18:08

Alterado em 17/10/2023 às 20:05

Hospital em Gaza foi bombardeado Foto: Reuters

O Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo grupo Hamas, afirmou que um ataque aéreo israelense, nesta terça-feira (17), atingiu um hospital na cidade e matou pelo menos 500 pessoas. Se confirmado, seria de longe a ofensiva mais mortal em cinco guerras travadas desde 2008. Israel nega a autoria do massacre.

O hospital Ahly Arab atendia centenas de feridos, mas também se tornou refúgio para os civis, que acreditavam que a unidade seria poupada de bombardeios depois que Israel ordenou que todos os moradores locais e áreas vizinhas evacuassem para o Sul. O Hamas afirma que a maioria dos mortos no hospital é de pessoas que estavam desabrigadas.

A versão controversa das Forças de Defesa de Israel (FDI) é que a explosão foi causada por um foguete da Jihad Islâmica, que teria sido lançado contra o território israelense, mas que atingiu sem intenção o hospital na cidade de Gaza.  A Jihad Islâmica negou que seja a responsável.

A Organização Mundial de Saúde (OMS), subordinada à ONU, ressaltou que o hospital estava operacional e que recebeu ordem para evacuar a unidade. Veja a a íntegra da nota no fim da reportagem.

Ainda não há consenso sobre o número de mortos. O porta-voz do Ministério da Saúde, Ashraf al-Qidra, deu uma entrevista a uma TV e disse que são 500. Já o porta-voz da Defesa Civil, Mahmoud Basal, afirma que são 300. O chefe da Defesa Civil disse que as equipes estão sobrecarregadas e não estão conseguindo atender a emergência de forma adequada.

O presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, decretou três dias de luto pelo ataque ao hospital. Para a Autoridade Palestina, que é adversária política do Hamas e não tem poder sobre a Faixa de Gaza, o ataque ao hospital foi um massacre.

Abbas tinha planos para se encontrar com o presidente Joe Biden, dos Estados Unidos, nesta quarta-feira (18). No entanto, ele cancelou essa reunião e afirmou que vai voltar para a cidade de Ramallah, na Cisjordânia.

De Norte a Sul

No sul, em cidades como Rafah e Khan Yunis, ataques contínuos mataram dezenas de civis e pelo menos uma figura sênior do Hamas na terça-feira.

Com Israel barrando a entrada de água, combustível e alimentos em Gaza desde o brutal ataque do Hamas na semana passada, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, garantiu um acordo com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, para discutir a criação de um mecanismo para fornecer ajuda aos 2,3 milhões de pessoas do território.

Nota da OMS

"A OMS condena veementemente o ataque ao Hospital Al Ahli Arab, no norte da Faixa de Gaza. O hospital estava operacional, com pacientes, profissionais de saúde e prestadores de cuidados e pessoas deslocadas internamente abrigadas. Os primeiros relatórios indicam centenas de mortos e feridos.

O hospital era um dos 20 no norte da Faixa de Gaza que recebiam ordens de evacuação dos militares israelenses. A ordem de evacuação tem sido impossível de ser executada dada a atual insegurança, o estado crítico de muitos pacientes e a falta de ambulâncias, pessoal, capacidade de camas do sistema de saúde e abrigo alternativo para os deslocados.

A OMS apela à proteção ativa imediata dos civis e dos cuidados de saúde. As ordens de evacuação devem ser revertidas. O direito humanitário internacional deve ser respeitado, o que significa que os cuidados de saúde devem ser ativamente protegidos e nunca visados."

Tags: