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Conselho de Segurança da ONU rejeita proposta humanitária do Brasil a Gaza após veto dos EUA

Foram doze votos a favor do texto brasileiro, entre eles França e China, que são membros permanentes e também têm poder de veto; sem acordo, bombardeio continua em Gaza

Por Gabriel Mansur
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Publicado em 18/10/2023 às 13:07

Alterado em 19/10/2023 às 09:14

Reunião plenária do Conselho de Segurança da ONU Foto: Reuters/David 'Dee' Delgado

No Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), em reunião nesta quarta-feira (18), os Estados Unidos vetaram uma resolução de paz proposta pelo Brasil pedindo o cessar-fogo no Oriente Médio, em particular na Faixa de Gaza, onde mais de três mil civis palestinos morreram em meio à retaliação genocida imposta pelo governo extremista de Benjamin Netanyahu, premiê de Israel, após ataque sem precedentes do Hamas, em 7 de outubro, ao território israelense.

Foram doze votos a favor, entre eles França e China, que são membros permanentes e têm poder de veto. Rússia e Reino Unido, que também têm cadeiras cativas, se abstiveram. Como os Estados Unidos possuem assento permanente no conselho, seu voto, mesmo sendo minoritário, é o suficiente para barrar o texto. A guerra continua.

A proposta brasileira buscava fazer com que a pausa humanitária permitisse “o acesso humanitário rápido e seguro” na região, inclusive permitindo a evacuação dos 28 brasileiros que aguardam, desde sábado (14), a fronteira de Rafah (ao Sul de Gaza) com o Egito ser aberta.

O texto pontuava a necessidade de que eletricidade, água, alimentos e medicamentos fossem fornecidos para os mais de dois milhões de civis que moram na Faixa. O documento ainda condenava o Hamas, e requeria a "libertação imediata e incondicional de todos os reféns civis, exigindo a sua segurança, bem-estar e tratamento humano, em conformidade com o direito internacional".

Entretanto, a embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Linda Thomas-Greenfield, seguindo a postura de apoio incondicional ao Estado Judeu, alegou que a contrariedade norte-americana se justifica pelo fato do país ter ficado “desapontado” pela ausência de menção, no texto, sobre “o direito de autodefesa de Israel”.

Para que uma resolução seja aprovada no Conselho de Segurança da ONU, é preciso que ela obtenha, pelo menos, nove votos dos quinze membros, contanto que nenhum dos países com poder de veto o façam. A resolução brasileira foi aprovada por China, França, Japão, Suíça, Emirados Árabes Unidos, Equador, Albânia, Gabão, Gana, Malta e Moçambique, além do próprio Brasil.

Com isso, o Conselho da ONU segue uma lógica que vem sendo experimentada há sete anos: no período, o colegiado não conseguiu aprovar nenhum entendimento entre as principais potências do mundo que estabeleça uma solução que freie a política de apartheid e limpeza étnica promovida contra o povo palestino.

A diplomacia brasileira lamentou o veto. “Tristemente, muito tristemente, o silêncio e a inação prevalecem”, disse o embaixador do Brasil na ONU, Sérgio Danese.