'Não há dinheiro', diz Javier Milei em discurso de posse

Milei recebeu os símbolos de comando - a faixa azul e branca e o tradicional bastão presidencial - do chefe de Estado cessante, Alberto Fernández, enquanto dos assentos da Câmara dos Deputados ecoava o grito 'liberdade, liberdade'

Por JB INTERNACIONAL

Javier Milei com a faixa presidencial

O presidente eleito da Argentina, Javier Milei, assumiu o cargo neste domingo (10).

Ele prestou seu juramento constitucional tornou-se assim o 55º presidente da Argentina, o 10º desde o retorno da democracia em 1983.

Milei recebeu os símbolos de comando - a faixa azul e branca e o tradicional bastão presidencial - do chefe de Estado cessante, Alberto Fernández, enquanto dos assentos da Câmara dos Deputados ecoava o grito "liberdade, liberdade".

Após a posse, Javier Milei discursou em frente à escadaria do parlamento.

"Hoje encerramos décadas de fracasso e disputas sem sentido.

Começa uma nova era na Argentina, de paz e prosperidade, conhecimento e desenvolvimento, liberdade e progresso", prometeu.

"Nenhum governo recebeu o país em uma situação pior que a que estamos recebendo. Os argentinos demonstraram uma vontade de mudança que não tem retorno. Brigas só destruíram o país e nos deixaram na ruína. Vamos lutar com unhas e dentes para combater a inflação", disse.

Milei voltou a prometer um forte ajuste fiscal: "E diferentemente do passado, será sobre o Estado, não sobre o setor privado. Não há alternativa. Se falta reputação ao país, os empresários não investirão até o ajuste fiscal. Não tem dinheiro. Sabemos que será duro".

Javier Milei também afirmou não querer perseguir a classe política e disse que o país enfrenta emergência, com altos índices de pobreza, problemas na educação e infraestrutura.

Ao fim do discurso, gritou diversas vezes: "Viva a liberdade".

Pelo menos 7 mil homens, entre guardas presidenciais, agentes e membros das forças especiais foram destacados para garantir a segurança de Milei e das delegações internacionais que chegaram a Buenos Aires.

As medidas foram reforçadas para viabilizar a presença do presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky. O avião do chefe de Estado fez escala para abastecer na base da Força Aérea Brasileira (FAB) em Brasília na noite de sábado, após partir de Cabo Verde, onde Zelensky se reuniu com o premiê, Ulisses Correia e Silva.

A Avenida de Mayo, via de cerca de 1,5 quilômetro que liga o Palácio do Congresso, onde o presidente prestou juramento, e a Casa Rosada, local dos cumprimentos às delegações estrangeiras, foi completamente isolada e fechada ao tráfego.

Ao longo do percurso, foram posicionados os agentes, incluindo atiradores de elite, drones e helicópteros em constante vigilância.

Pela Europa, os únicos chefes de Estado e governo presentes, além de Zelensky, foram o rei Felipe VI da Espanha, e o primeiro-ministro húngaro Viktor Orbán.

A Itália foi representada pela ministra da Universidade e Pesquisa, Anna Maria Bernini, enquanto a França enviou o ministro da Transformação, Stanislas Guerini, e o Reino Unido, o ministro para as Américas e Territórios Ultramarinos, David Rutley.

O governo brasileiro enviou o chanceler, Mauro Vieira, como representante.

Pela América Latina, também estiveram presentes líderes como Gabriel Boric, do Chile, e Luis Lacalle Pou, do Uruguai.

O ultraliberal Javier Milei, de 53 anos, é o 10º presidente da Argentina desde o retorno da democracia em 1983.

Jair Bolsonaro

O primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, se encontrou com o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro em Buenos Aires, onde ambos estão para participar da cerimônia de posse de Javier Milei.

A reunião ocorreu neste sábado (9).

"A direita está crescendo não apenas na Europa, mas em todo o mundo", escreveu Orbán, no Twitter, ao final do encontro.

Os dois também se encontraram individualmente com Milei. Também compareceram governadores brasileiros de direita: o de São Paulo, Tarcísio de Freitas; o de Santa Catarina, Jorginho Mello; e o do Rio de Janeiro, Cláudio Castro. (com Ansa).