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Oposição argentina ameaça pedir impeachment após Milei divulgar criptomoeda que fracassou

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Por JB INTERNACIONAL com Reuters
redacao@jb.com.br

Publicado em 17/02/2025 às 07:39

Alterado em 17/02/2025 às 08:05

O presidente argentino Javier Milei: escãndalo financeiro Foto: Reuters/Agustín Marcarian

O presidente argentino, Javier Milei, pode enfrentar um julgamento de impeachment no Congresso, disseram parlamentares da oposição no sábado (15), depois que o líder libertário divulgou uma criptomoeda que caiu logo depois.

Milei postou na sexta-feira na rede social X recomendando a pouco conhecida criptomoeda $LIBRA, que logo depois disparou para quase US$ 5 cada.

Poucas horas depois, o ativo despencou para menos de US$ 1.

A câmara de fintech da Argentina reconheceu que o caso poderia ser um "puxão de tapete", no qual os desenvolvedores de um token cripto atraem investimentos legítimos, aumentando o valor, apenas para depois se desfazerem de sua participação.

"Este escândalo, que nos envergonha em escala internacional, exige que lancemos um pedido de impeachment contra o presidente", disse o parlamentar Leandro Santoro, membro da coalizão de oposição.

Milei excluiu a postagem no X, com a mídia local dizendo que a postagem estava no ar há algumas horas na noite de sexta-feira (14). Mais tarde, ele disse que não tem relação com a criptomoeda.

"Eu não estava ciente dos detalhes do projeto e, assim que descobri, decidi não continuar dando publicidade", disse ele.

Aposta cautelosa do Brasil

Por Luciana Novaes Magalhães - As empresas brasileiras estão avaliando alvos de aquisições na Argentina, ao mesmo tempo em que reforçam funcionários e lojas em uma aposta cautelosa nas agressivas reformas econômicas do presidente Javier Milei, que estão começando a estabilizar a economia atingida pela crise.

Empresas brasileiras, incluindo bens de consumo, serviços, petróleo e tecnologia, disseram à Reuters que estão procurando lançar novos empreendimentos ou elaborar planos de expansão na Argentina, que está emergindo de anos de caos econômico que impediu o investimento.

As duras medidas de austeridade de Milei ajudaram a conter a inflação de três dígitos, reverter um déficit profundo e reconstruir as reservas, aumentando a confiança dos investidores. Mas o país ainda está saindo da recessão, enquanto os controles de capital complicam os negócios.

"A Argentina está de volta ao radar", disse Rodrigo Stefanini, CEO de operações latino-americanas do Grupo Stefanini, uma empresa multinacional brasileira de tecnologia com receita global projetada para atingir cerca de 8 bilhões de reais (US $ 1,4 bilhão) no ano passado.

As vendas anuais da empresa saltaram 15% na Argentina no ano passado e sua força de trabalho cresceu 10%, para cerca de 1.500 pessoas. O CEO disse à Reuters que a empresa está analisando alvos de aquisição na Argentina pela primeira vez desde que entrou no país em 1996, apesar de uma perspectiva econômica que permanece incerta.

"Você não quer ser o primeiro a chegar à festa, porque não sabe se será um sucesso. Mas você também não quer ser o último", disse Stefanini com um sorriso.

"É hora de tirar vantagem disso, antes da chegada dos chineses e dos americanos."

A proximidade e as vantagens do bloco comercial regional do Mercosul muitas vezes colocaram as empresas brasileiras à frente da curva ao aproveitar os altos e baixos regulares da economia argentina, embora várias empresas também tenham sido queimadas.

Cerca de 150 grandes empresas brasileiras mantiveram uma presença constante na Argentina, embora algumas delas tenham reduzido as operações ao longo dos anos, de acordo com a Câmara de Comércio Brasil-Argentina, com sede em São Paulo.

Federico Servideo, presidente da câmara, disse que as empresas brasileiras estão observando as tendências econômicas e as mudanças políticas - potencialmente incluindo um afrouxamento dos controles cambiais - antes de aumentar os investimentos de capital nos próximos 12 a 36 meses.

"Há, de fato, uma reversão nas expectativas dos investidores brasileiros", disse Servideo.

RETORNO TOTAL À ARGENTINA?
A Petrobras está considerando uma nova aposta na Argentina após assinar um memorando de entendimento com a YPF, petrolífera argentina, em setembro passado para explorar investimentos conjuntos em exploração e produção.

A Petrobras, que já faz parte de um consórcio que opera duas concessões na região argentina de xisto de Vaca Muerta, disse à Reuters que está de olho em empreendimentos adicionais.

A CVC, um dos maiores grupos de viagens da América Latina, já está se expandindo na Argentina, onde chegou pela primeira vez em 2018. A empresa abriu 42 lojas na Argentina no ano passado e pretende algo semelhante este ano.

"Sempre acreditamos firmemente no mercado de turismo argentino", disse o presidente-executivo da CVC, Fabio Godinho, à Reuters.

A Cambuci S.A., maior produtora de bolas de futebol, calçados e vestuário do Brasil, garantiu recentemente um acordo de distribuição de cinco anos na Argentina, após fechar sua subsidiária local em 2023 em meio à escassez de matéria-prima e restrições cambiais.

O presidente do conselho, Roberto Estefano, disse que a empresa pode retornar totalmente à Argentina dentro de alguns anos.

"A Argentina é um país impressionante, com cerca de 44 milhões de pessoas apaixonadas por esportes", disse ele, acrescentando que a Cambuci gostaria de voltar ao mercado à frente dos principais rivais.

Eduardo Kunst, CEO da fabricante brasileira de produtos químicos Artecola, que em 2023 suspendeu a produção na Argentina em meio ao aumento dos custos operacionais, mas ainda vende no mercado, disse que se a trajetória do país continuar, a empresa pode considerar a retomada da fabricação local.

"Acreditamos que, se a Argentina continuar em seu caminho atual, poderá recuperar seu papel significativo na região", disse Kunst.

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