MUNDO
Cardeal aliado do Papa critica 'pressões' por renúncia
Por JB INTERNACIONAL
redacao@jb.com.br
Publicado em 23/02/2025 às 09:18
Alterado em 23/02/2025 às 11:00

Um dos cardeais mais poderosos do Vaticano criticou supostas "pressões" de alguns grupos pela renúncia do papa Francisco, que está internado desde 14 de fevereiro em função de uma pneumonia nos dois pulmões.
O posicionamento do argentino Víctor Manuel Fernández, prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé (órgão herdeiro da Santa Inquisição) e teólogo de referência do pontífice, chega depois de cardeais admitirem que cogitam a hipótese de Jorge Bergoglio deixar o trono de Pedro.
"Não tem sentido que alguns grupos façam pressões por uma renúncia. Eles já fizeram isso várias vezes nos últimos anos, e essa precisa ser uma decisão completamente livre do santo padre para que seja válida", declarou Fernández em entrevista ao jornal argentino La Nación.
"Não vejo um clima de pré-conclave, não vejo se falar de um possível sucessor mais do que se fazia um ano atrás", acrescentou.
Já o secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, afirmou que os debates sobre uma possível renúncia de Francisco são "especulações inúteis". "Estamos pensando na saúde do santo padre e em seu retorno ao Vaticano. Essas são as únicas coisas que importam", disse ele ao jornal italiano Corriere della Sera.
Na última quinta-feira (20), pelo menos três cardeais admitiram que cogitam a hipótese de uma renúncia do pontífice por motivos de saúde: o francês Jean-Marc Aveline, o espanhol Juan José Omella e o italiano Gianfranco Ravasi. "Tudo é possível", declarou Aveline, também arcebispo de Marselha.
"Se o Papa se encontrar em uma situação na qual sua possibilidade de ter contatos diretos, como ele ama fazer, esteja comprometida, então acredito que ele poderia renunciar", reforçou Ravasi.
Francisco já revelou que deixou pronta uma carta de renúncia logo no início de seu pontificado, para o caso de um problema de saúde impedir que ele continue no pleno exercício do cargo.
Crise asmática e transfusão de sangue
O Vaticano informou nesse sábado (22) que o papa Francisco sofreu uma crise asmática e precisou passar por uma transfusão de sangue devido a uma trombocitopenia, ou seja, uma queda na contagem de plaquetas, estruturas fundamentais para a coagulação sanguínea.
Segundo boletim médico divulgado pela Sala de Imprensa da Santa Sé, as condições do pontífice de 88 anos "continuam críticas, portanto o Papa não está fora de perigo".
"Nesta manhã, o papa Francisco apresentou uma crise respiratória asmática prolongada, o que exigiu também a aplicação de oxigênio de alto fluxo", diz o comunicado do Vaticano.
"Os exames de sangue de hoje também revelaram trombocitopenia, associada à anemia, o que exigiu a administração de transfusões de sangue", acrescenta o boletim, ressaltando que Jorge Bergoglio "continua alerta e passou o dia na poltrona, ainda que sofrendo mais do que ontem".
De acordo com o comunicado da Santa Sé, não é possível fazer prognósticos para os próximos dias.
O Papa está internado desde 14 de fevereiro no Hospital Policlínico Agostino Gemelli, em Roma, devido a um quadro de pneumonia nos dois pulmões, provocada por uma "infecção polimicrobiana".
Na última sexta-feira, a equipe médica concedeu a primeira coletiva de imprensa desde que Francisco deu entrada no hospital e explicou que, naquele momento, ele não corria "risco de morte", mas ainda não estava "fora de perigo", sobretudo por conta do risco de a infecção se espalhar para o sangue e desencadear um quadro de sepse. (com Ansa)
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