Influenciadora bolsonarista Karol Eller morre um mês após anunciar 'cura gay'

Morte repercutiu entre aliados de ex-presidente e críticos da prática que visa 'transformar' pessoas homossexuais em heterossexuais

Por GABRIEL MANSUR

Karol Eller

A influenciadora bolsonarista e LGBT Karol Eller morreu na noite desta quinta-feira (12), aos 36 anos, após publicar uma carta de despedida em suas redes sociais. A informação foi confirmada em boletim de ocorrência e pelo perfil dela no Instagram, causando perplexidade no mundo político, especialmente entre aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Karol, que é prima de Cássia Eller, trabalhava no gabinete do deputado estadual paulista Paulo Mansur (PL). Ela caiu do prédio onde morava em Campo Belo, na zona sul de São Paulo. O caso foi registrado pela Polícia Civil como suicídio.

Além de toda a tragédia que envolve a causa da morte, outro detalhe chamou a atenção e tem gerado discussão nas redes sociais: há cerca de um mês, a ativista política anunciou que tinha retornado de um "retiro religioso" e que tinha "renunciado à prática homossexual" e aos "vícios e desejos da carne".

Internautas especularam que Karol Eller se submeteu às chamadas "terapias de conversão de orientação sexual", a famosa "cura gay", que na prática visa "transformar" pessoas homossexuais em heterossexuais e "normalizar pessoas LGBT", ou seja, fazê-las abandonar suas respectivas identidades.

No Brasil, a prática da chamada "terapia de conversão sexual" é proibida. No entanto, instituições em todo o país disfarçam essas "terapias" chamando-as de retiros espirituais que, por sua vez, são permitidos.

Notoriedade

Karol Eller ganhou destaque no cenário político brasileiro, principalmente entre a extrema direita, por ser uma pessoa LGBT que apoiava o ex-presidente Jair Bolsonaro. Também ganhou notoriedade ao publicar vídeos nas redes sociais nos quais fazia críticas ao movimento LGBT.

Uma de suas publicações mais polêmicas afirmava que "não é homofobia só porque um gay foi assassinado". Na última campanha presidencial, Karol Eller gravou um vídeo de apoio a Jair Bolsonaro e afirmou que o ex-presidente "não é homofóbico."

Disque 188

A cada mês, em média, mil pessoas procuram ajuda no Centro de Valorização da Vida (CVV), por meio do número 188. São 33 casos por dia, ou mais de um por hora. Se não for tratada, a depressão pode levar a atitudes extremas.

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a cada dia, 32 pessoas cometem suicídio no Brasil. Hoje, o CVV é um dos poucos serviços em Brasília em que se pode encontrar ajuda de graça. Cerca de 50 voluntários atendem a quem precisa, 24 horas por dia.

Repercussão nas redes