Operação Capitu visa combater suposta fraude em doações feitas a políticos
A Receita Federal informou nesta sexta-feira, 9, que a Operação Capitu, deflagrada pela manhã em conjunto com a Polícia Federal, tem por objetivo combater uma suposta fraude envolvendo doações irregulares por parte de empresa de processamento de proteína animal para diversos políticos e partidos.
De acordo com a Receita, duas grandes redes varejistas do Estado de Minas Gerais, por meio de seus controladores e diretores, participaram diretamente do esquema. "Suspeita-se que esta rede, devido ao grande movimento de dinheiro em espécie, utilizou-se deste fluxo para dar ar de licitude a valores doados a partidos e políticos, no período de agosto de 2014 a fevereiro de 2015", diz a nota divulgada pela Receita.
Entre os alvos dessa operação estão o empresários Joesley Batista e o vice-governador de Minas Gerais, Antônio Andrade, presos pela manhã.
A Receita esclareceu que, pelo esquema, o dinheiro era repassado pelas redes varejistas aos partidos e políticos por meio da simulação de recebimento de duplicatas pela grande empresa de processamento de proteína animal e pela transferência financeira a seis escritórios de advocacia por serviços, supostamente não realizados, acobertados por contratos simulados e notas fiscais dos escritórios.
As investigações chegaram ainda a um esquema de pagamento de vantagens indevidas a altos dirigentes do Ministério da Agricultura por parte da grande empresa do ramo alimentício, com a produção de legislação e atos normativos que beneficiavam a empresa.
Além do efetivo de 310 policiais federais que participam da operação nos Estados de Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Paraíba e no Distrito Federal, a Receita informou que mais de 100 auditores fiscais e analistas tributários estão também envolvidos na operação.
Os representantes das instituições que participam da operação darão entrevista coletiva às 10h, na sede da Delegacia da Polícia Federal, em Belo Horizonte.
Defesas
O advogado de Joesley Batista, André Callegari, disse que causa estranheza a decretação de prisão temporária de um colaborador da justiça decretada justamente pelo TRF-1 onde a liberdade do empresário acaba de ser confirmada num recurso do Ministério Público.
"Joesley segue colaborando com a justiça em inúmeros inquéritos policiais onde os delegados têm reconhecido isso nos termos de depoimento. A defesa tem certeza que a liberdade será restabelecida e irá tomar todas as medidas para apurar o que houve nesse pedido de prisão que não era necessário", disse o advogado.
O espaço está aberto para a manifestação de outras pessoas envolvidas na investigação.