Executivos da OAS delatam pagamentos de R$ 125 milhões a 21 políticos, diz jornal
A OAS teria distribuído entre 2010 e 2014 cerca de R$ 125 milhões em propinas e repasses de caixa dois a pelo menos 21 políticos de oito partidos. A informação foi obtida com exclusividade pelo O Globo com oito ex-funcionários que atuavam na "Controladoria de Projetos Estruturados", em delação homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no ano passado. De acordo com a reportagem, relatório da Procuradoria-Geral da República (PGR) resume as revelações dos ex-executivos e pede providências ao ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava-Jato no Supremo.
Ainda de acordo com a reportagem, entre os acusados de receber propina estão o ministro Vital do Rêgo, do Tribunal de Contas da União (TCU), o ex-deputado Eduardo Cunha (MDB-RJ) e o ex-ministro Edison Lobão (MDB-MA), entre outros. Teriam recebido caixa dois o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o senador José Serra (PSDB-SP), o deputado Aécio Neves (PSDB-MG), o ex-prefeito Eduardo Paes e o ex-governador Sérgio Cabral, entre outros. Os citados negam as acusações.
Segundo O Globo, o esquema envolvia o superfaturamento de obras como estádios da Copa de 2014, a transposição do Rio São Francisco, o Porto Maravilha, no Rio, e a Ferrovia de Integração Oeste-Leste, além de empreendimentos no exterior. A reportagem aponta que a OAS assinava contratos frios com empresas de fachada, no Brasil e no exterior, para esquentar o dinheiro. Um dos principais operadores desse caixa era Alberto Youssef, doleiro preso pela Operação Lava-Jato.
Ainda segundo a reportagem, o diretor Financeiro da OAS, Mateus Coutinho de Sá, seria o encarregado de repassar ao departamento as "demandas de caixa dois" e de propina. O encarregado de providenciar entregas de propina no Sudeste e no Sul seria José Ricardo Breghirolli. Já no Centro-Oeste, Norte e Nordeste, a função seria delegada a Adriano Santana.
Confira os políticos delatados:
Aécio Neves (PSDB-MG) - caixa 2 de R$ 1,2 milhão à sua campanha de 2014 via contrato fictício e pagamento de “vantagem indevida” de R$ 3 milhões via doações oficiais em 2014. Defesa diz que ‘acusações são falsas’ e doações estão todas registradas na Justiça Eleitoral
Edison Lobão (MDB-MA) - propina de R$ 2,1 milhões por obras de Belo Monte. Ele nega irregularidades e critica delações sem prova
Eduardo Cunha (MDB-RJ) - propina de R$ 29,6 milhões referente a percentual de obras da OAS. Defesa ‘nega veementemente a acusação’
Eduardo Paes (DEM-RJ) - caixa dois de R$ 25 milhões para sua campanha à Prefeitura em 2012. Defesa diz que contas foram aprovadas pela Justiça Eleitoral e jamais favoreceu empresas
Eunício Oliveira (MDB-CE) - caixa 2 de R$ 2 milhões para sua campanha ao governo do Ceará em 2014. Defesa diz que OAS fez doações legais e registradas nesse exato valor
Fernando Pimentel (PT-MG) - propina de R$ 2,5 milhões ao seu operador Bené quando ele era ministro. Defesa diz que desconhece as acusações
Flexa Ribeiro (PSDB-PA) - caixa dois de R$ 150 mil para sua campanha eleitoral ao Senado em 2010. Defesa não respondeu
Geddel Vieira Lima (MDB-BA) - contrato fictício de R$ 30 mil com empresa de publicidade para manutenção do site do político. Defesa não respondeu
Índio da Costa (PSD-RJ) - repasse de 'valores espúrios' de R$ 1 milhão à sua campanha em 2010. Deputado diz desconhecer os pagamentos
Jaques Wagner (PT-BA) - propina de R$ 1 milhão via contrato fictício e repasses de caixa dois. Defesa diz que não comentará delação que não teve acesso
José Sérgio Gabrielli (PT-BA) - mesada de R$ 10 mil durante o ano de 2013. Defesa nega acusação e diz que ele desconhece o delator
José Serra (PSDB-SP)- caixa dois de R$ 1 milhão via ex-tesoureiro. Defesa diz que contas eleitorais eram responsabilidade do partido
Lindbergh Faria (PT-RJ) - pagamento de R$ 400 mil para serviços do publicitário João Santana. Defesa não respondeu
Marco Maia (PT-RS) - caixa dois de R$ 1 milhão à campanha eleitoral de 2014. Defesa diz que vai se pronunciar apenas nos autos
Marcelo Nilo (PSB-BA) - propina de R$ 400 mil em 2012 e outros repasses em 2013. Defesa nega acusação e diz desconhecer delator
Nelson Pelegrino (PT-BA) - caixa dois de R$ 1 milhão em campanha à Prefeitura de Salvador em 2012. Defesa afirma que desconhece a delação
Rodrigo Maia (DEM-RJ) - caixa dois de R$ 50 mil em campanha à Prefeitura do Rio em 2012. Defesa diz que doações foram declaradas à Justiça e nega favorecimento a empresários durante mandato
Rosalba Ciarlini (PP-RN) - caixa dois de R$ 16 milhões proveniente da obra da Arena das Dunas. Ela disse ‘desconhecer qualquer transação nesse sentido com a OAS’
Sérgio Cabral (MDB-RJ) - caixa 2 de R$ 10 milhões em sua campanha ao governo do Rio em 2010. Defesa diz que não vai comentar
Valdemar Costa Neto (PR) - propina de R$ 700 mil das obras da Ferrovia Oeste-Leste. Defesa diz que desconhece a delação
Vital do Rego - ministro do TCU - propina de R$ 3 milhões à sua campanha eleitoral em 2014 em troca de blindagem na CPMI da Petrobras. Defesa diz que não teve acesso à delação e que não recebeu doações irregulares