Governo prepara 'tropa de choque' para Previdência e quer vender capitalização como 'poupança garantida'

Por DANIELLE BRANT

O governo prepara uma tropa de choque para defender a proposta da reforma da Previdência na comissão especial que foi instalada na manhã desta quinta-feira (25) na Câmara dos Deputados, nas palavras da deputada federal Bia Kicis (PSL-DF).


Ela falou com jornalistas depois de uma reunião de parlamentares do partido com o ministro Paulo Guedes (Economia), na manhã desta quinta. O PSL terá como titulares na comissão especial Felipe Francischini, Filipe Barros, Heitor Freire, Alexandre Frota e Daniel Freitas. Os suplentes são Joice Hasselmann, Léo Motta, Nicoletti, Júnior Bozzella e Daniel Silveira.


"Agora, com a comissão especial, é preciso todo mundo estar muito inteirado do texto, tirar as dúvidas, se preparar para enfrentar os opositores, aquelas pessoas que vão querer bater na proposta", afirmou. "O PSL já fechou questão há muito tempo, agora é trazer todo mundo pro centro do debate. É preparar a tropa de choque."


A capitalização, que o próprio presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), considera "indigesta", será vendida como "poupança garantida" para convencer os trabalhadores da necessidade de guardar o recurso adicional para complementar a aposentadoria.
"O que vamos falar agora é da poupança garantida. O que está muito claro, que o ministro Paulo Guedes conseguiu passar, e ele passa como ninguém, com muita didática, é que a nova Previdência é a da poupança garantida, a capitalização", afirmou Kicis.


"Tem uma ideia de capitalização que remete a banco, não tem banco envolvido. Vão ser gestoras de previdência, e cada jovem que entrar [no mercado de trabalho] terá a liberdade de escolher onde quer aplicar o dinheiro, porque é um sistema de poupança."
Segundo ela, o ministro está "animado" e "doido para dar as boas notícias". "Vai ganhar quem tiver argumentos. E temos certeza que os bons argumentos estão do nosso lado."
Líder do PSL na Câmara, Delegado Waldir (GO) também indicou que o termo poupança garantida fará parte da estratégia de propaganda do governo.


"O ministro Paulo Guedes está passando as orientações importantes para que a gente consiga, na comissão especial, trazer ao cidadão brasileiro resposta da simplicidade e da necessidade da reforma da Previdência, mostrando que ela é para os mais pobres do país, que acaba com os privilégios", defendeu. "Cada trabalhador terá poupança garantida."


Ele negou que o governo esteja "inventando um mantra" para atrair o trabalhador. "A gente não tem temor, porque estamos defendendo as pessoas mais pobres, que não têm emprego. Vamos fazer uma escolha: queremos desemprego ou queremos que o jovem tenha trabalho? Queremos um país no buraco, ou com investidor internacional?", questionou.


"O Brasil tem que fazer uma escolha, não estamos atrás de mantra, de resolver divergências, nada disso. Queremos o que é melhor para o Brasil."
A capitalização é um dos principais pontos defendidos pelo ministro Paulo Guedes como forma de dar sustentabilidade futura ao sistema previdenciário. A proposta inicial do governo, que será agora apreciada na comissão especial da Câmara, prevê uma economia total de R$ 1 trilhão em dez anos.