Por reforma na Previdência, Bolsonaro reabre canal de diálogo com Maia
O encontro, que só foi incluído na agenda oficial no final da manhã, ocorreu das 8h30 às 9h30, no Palácio da Alvorada, residência oficial do presidente da República.
O encontro entre os presidentes da República, Jair Bolsonaro (PSL), e o da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), neste domingo (28), selou nova fase na relação conturbada entre os dois, diante do avanço da tramitação da reforma da Previdência no Congresso.
Ambos saíram da reunião com mensagens positivas. "Tratamos da Previdência, ótima conversa", disse Maia. "Excelente, tratamos de um montão de assunto", afirmou Bolsonaro.
O encontro, que só foi incluído na agenda oficial no final da manhã, ocorreu das 8h30 às 9h30, no Palácio da Alvorada, residência oficial do presidente da República.
O ministro Onyx Lorenzoni (Casa Civil), que foi ao Alvorada à tarde, comemorou o momento a sós do dois.
"A gente sabe que, como ele mesmo disse, tiveram aí uns escorregãozinhos pra cá ou pra lá, mas a reunião foi muito boa. Os dois reabriram um canal de conversação direta, o que é algo muito valioso e importante", afirmou Onyx.
Há um mês os dois trocaram provocações e críticas publicamente, e Maia chegou a dizer que não faria mais qualquer movimento para agilizar a tramitação da reforma da Previdência na Câmara.
Segundo o ministro da Casa Civil, o clima agora está descontraído. "Eles até ficaram combinando de uma hora dessas assistir a um jogo do Palmeiras ou do Flamengo juntos", contou Onyx.
Na sexta-feira (26), o site Buzzfeed publicou entrevista na qual Maia critica dois dos filhos de Bolsonaro, o vereador Carlos (PSC-RJ), a quem chama de doido, e o deputado federal Eduardo (PSL-RJ), que viveria um "momento de deslumbramento".
Maia depois declarou que a fala foi tirada de contexto, e Bolsonaro disse ter certeza de que era inventada.
"Hoje é domingo, eles tiveram juntos, daqui para frente é vida nova", desconversou Onyx.
O ministro-chefe da Casa Civil voltou a dizer que a reforma da Previdência será votada no plenário da Câmara ainda no primeiro semestre, apesar de previsões contrárias de diversos deputados, para os quais a tramitação se estenderá pelo ano.
"Mantenho a previsão, sim, por duas razões muito importantes. Primeiro, o cara lá de cima esta sempre com a gente", introduziu, apontando com o indicador para o céu.
"Segundo, porque, pelo que a gente viu na comissão especial, são nomes de muita qualidade, tanto o relator [Samuel Moreira (PSDB-SP)] como presidente [Marcelo Ramos (PR-AM)]", elogiou. "As bancadas colocaram parlamentares muitos com experiência, outros chegam com boa formação."
Para Onyx, o prejuízo de se adiar a votação final da reforma recairá diretamente na vida econômica dos brasileiros.
"O problema são as filas de seleção de emprego, são milhares de pessoas", comentou. O desemprego cresceu neste ano, afetando 13,1 milhões de brasileiros.
"As pessoas precisam comer, as pessoas precisam se vestir, as pessoas precisam ter a dignidade do trabalho", discursou Onyx. "Estamos muito preocupados com isso. A pressa não é do governo, a pressa é do país."
Questionado se havia medidas do governo especificamente para reduzir o desemprego, ele assentiu, sem detalhar.
"Claro, tem uma série de outras coisas que estamos trabalhando e vamos anunciar", resumiu.
O ministro minimizou as críticas à desarticulação política do governo no Congresso, disparadas até mesmo por deputados e o líder do PSL, partido de Bolsonaro, na Câmara.
"Sempre foi assim, né? [Falavam que] não vai dar para ganhar eleição, não tem tempo de televisão, não vai fazer transição direito, não vai encurtar os ministérios. A gente vai fazendo. A gente tem um princípio que é falar pouco, trabalhar muito e colher resultados."
Segundo o chefe da Casa Civil, o governo apresentará em até duas semanas uma meta para os 200 dias de governo. De novo, ele não deu pistas de o que estará incluído nas metas.
Onyx ainda afirmou que Bolsonaro assinará na terça (30) ou quarta-feira (1º) a chamada medida provisória da liberdade econômica.
"Vai fazer aquilo que ele dizia na campanha, vai tirar o governo do cangote das pessoas. A simplificação, o princípio constitucional que nós vamos descrever e enfatizar nessa medida", afirmou.
"Desde que o Brasil é República, o cidadão ou cidadã, sempre que chega diante do governo para fazer qualquer coisa, é aquele monte de atestado, fotocópia, autorização", criticou.
A iniciativa vai, nos planos do governo, "facilitar a vida das pessoas para abrir seu negócio, trabalhar, produzir renda, gerar emprego, nessa linha".