Governo dará as diretrizes para todas as propagandas de governo, diz porta-voz

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Depois de dias de polêmica com a decisão do presidente Jair Bolsonaro de mandar suspender uma propaganda do Banco do Brasil por discordar dos personagens usados, o porta-voz da Presidência, general Otávio do Rêgo Barros, afirmou nesta segunda-feira que o governo agirá para dar as diretrizes para todas as propagandas de todos os órgãos federais.

Na semana passada, depois do cancelamento do material do BB, a Secretaria de Comunicação da Previdência enviou um e-mail a todos os órgãos federais informando que todo material deveria passar pelo crivo do Planalto. No mesmo dia em nota, à noite, a Secretaria de Governo, que comanda a Secom, informou que a instrução era equivocada, já que o governo não pode interferir na propaganda das estatais.

"O senhor presidente me pediu para lembrar-lhes que naturalmente o governo age para estabelecer diretrizes para elaboração das propagandas de todos os órgãos de governo e de todos os ministérios e essas diretrizes são coordenadas pela Secretaria de Governo/Secom", disse o porta-voz. "Mas há de se entender que a condução da própria propaganda será sempre do órgão que a produzir e contratar."

No sábado, ao ser questionado sobre a decisão de suspender a propaganda do BB -que mostrava atores jovens tatuados, de cabelos coloridos e representando diversidade racial e sexual- disse que "a linha" do governo mudou e que as pessoas querem "respeito à família".

De acordo com o porta-voz, o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Alberto dos Santos Cruz, teria uma reunião com Bolsonaro na noite desta segunda-feira para tratar do assunto.

JUROS

Durante visita a Agrishow, na manhã desta segunda, em Ribeirão Preto (em SP), Bolsonaro abriu outra polêmica com o BB ao comentar com o presidente da Instituição, Rubem Novaes, que gostaria de ver juros menores para os produtores rurais.

A fala levou à queda inicial das ações do banco, mas os papéis fecharam o dia estáveis.

O porta-voz negou que Bolsonaro tenha qualquer intenção de interferir na política de juros dos bancos públicos.

"Quando o presidente fez esse comentário com o presidente do BB, foi um comentário em ambiente muito amigável. Obviamente que o presidente não quer e não intervirá em qualquer aspecto que esteja relacionado a juros", disse o general.

O porta-voz confirmou ainda a viagem do presidente aos Estados Unidos, que inclui dois dias de agenda em Nova York, em que Bolsonaro receberá uma homenagem da American Chamber of Commerce, e um dia em Miami, com agenda ainda sendo fechada.