Morre o acadêmico da ABL Tarcísio Padilha
Seu filho, Tarcisio Padilha Jr., que é articulista do JORNAL DO BRASIl, faz uma homenagem ao pai
Movido a esperança
TARCISIO PADILHA JUNIOR
Nesta madrugada meu pai foi em paz ao encontro do Pai. "Não tenho compromisso com a morte", me disse há tempos.
Pai de seis filhos, avô de doze netos, bisavô de dezesseis bisnetos, celebrou em julho os 70 anos de matrimônio. Filósofo por influência decisiva do Pe. Franca, na longa e profícua existência foi essencialmente educador e professor.
"Quanto mais se agride o que há de humano no homem, mais nos cabe preservar-lhe a humanidade", escreveu em 1982.
Do discurso de posse na Academia Brasileira de Letras, em 1997, destaco: "Jamais nos seria lícito temer o advento da dúvida metódica, sinal inequívoco da presença do espírito na riqueza da multiplicidade possível de enfoques e opções várias no plano intelectual. Acima das ideias, está o pensar, tarefa própria do homem intrinsecamente considerado".
Convencido de que o mundo por ele imaginado seria melhor do que o mundo em que era obrigado a viver, exercia, na simplicidade do próprio viver cotidiano, natural disposição em relação ao outro que não pretendia qualquer reciprocidade.
Todos aqueles que tiveram a honra e o privilégio de com ele conviver podem testemunhar que papai era movido a esperança.