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Ao comentar fala de Nardes, procurador do TCU diz que 'não há espaço para retrocesso'

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Por JORNAL DO BRASIL com Agência Estado
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Publicado em 21/11/2022 às 18:58

Alterado em 21/11/2022 às 18:59

Débora Álvares, Amanda Pupo, Eduardo Gayer, Thaís Barcellos e Eduardo Rodrigues - O procurador do Tribunal de Contas da União Lucas Furtado disse ao Broadcast Político nesta segunda-feira que “não há espaço para retrocesso” referindo-se à fala do ministro da Corte de contas Augusto Nardes, que, em áudio vazado no domingo, 20, falou em “movimento forte nas casernas”, numa suposta articulação para impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.

“A postura dos militares é motivo para preocupação, mas não há espaço para retrocesso. Os militares devem, como todo agente público, observar os limites constitucionais”, afirmou o procurador, que ainda completou: “Com o [Joe] Biden na presidência dos EUA, impossível. Somente se o [Donald] Trump voltar”, disse, referindo-se à possibilidade de uma tomada de poder pelos militares.

Em um áudio divulgado pelo jornal Folha de S.Paulo, Nardes afirma ter conversado com o presidente Jair Bolsonaro e que, “em questão de horas, dia, no máximo, uma semana, dias talvez menos do que isso [haverá] um desenlace bastante forte na nação, imprevisíveis, imprevisíveis”.

Como mostrou o Estadão, outros ministros do TCU, porém, consideraram as ameaças feitas por Nardes como “blefe puro”.

Por outro lado, há uma divisão na Corte de Contas sobre a abertura de um procedimento interno para apurar a conduta do ministro. Cabe ao presidente do TCU, Bruno Dantas, que também é corregedor do tribunal.

De um lado, há quem afirme que Nardes descumpriu um preceito fundamental do Judiciário previsto no artigo 95 da Constituição, segundo o qual “aos juízes é vedado dedicar-se à atividade político-partidária". Contudo, existe uma ala que afirma que o ministro já se retratou.

Em nota, o TCU informou que Nardes "lamenta profundamente a interpretação que foi dada sobre um áudio despretensioso gravado apressadamente e dirigido a um grupo de amigos. Para que não pairem dúvidas, esclarece que repudia peremptoriamente manifestações de natureza antidemocrática e golpistas, e reitera sua defesa da legalidade e das Instituições republicanas."

Próximo do presidente Jair Bolsonaro (PL) e com trânsito livre nos Palácios do Planalto e da Alvorada, em 2015, Nardes relatou no TCU o processo que identificou “pedaladas fiscais” nas contas do governo Dilma Rousseff (PT) e que embasou o processo de impeachment da petista.

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