Espaços para a mudança

Por TARCISIO PADILHA JUNIOR

Kant nasceu em Königsberg, em 1724, ali morreu em 1804. Evitava mudança externa em sua vida. A vida de Kant era organizada de acordo com um programa que impedia qualquer espontaneidade. Daí dizer que “a emoção é surpresa através da sensação, pela qual a serenidade da mente é interrompida”.

Esta concepção priva-o de quaisquer meios de dar uma explicação, ao menos razoável, de um afeto. Como

explicar que uma mãe, ou um pai, pode sentir grande alegria quando um filho mostra em casa seu primeiro desenho feito na escola, ao mesmo tempo que um visitante pode não se sentir comovido?

Kant imaginou que, em nosso conhecimento do mundo, as experiências que nos chegam de fora através dos sentidos fundiam-se como formas de relações e ideias presentes em nossa consciência antes de qualquer experiência. No final, Kant se viu confrontado com a questão de saber se realmente era possível conhecer as coisas em si, independentemente das formas preexistentes de consciência.

Kant foi um dos mais notáveis pensadores, ao acentuar a contribuição humana ao conhecimento pela atividade do entendimento. Mas, para ele, a atividade do entendimento está limitada a combinar as representações díspares dadas pela intuição. As representações aparecem como impressões desconexas, que só podem ser integradas mediante a função unificadora do entendimento.

Porque o sentimento não é conhecimento, para Kant a natureza não é criada para nossos propósitos: a natureza não é vista como recriada pela atividade humana, quanto o mundo da produção é visto como criado pelo trabalho humano; pessoas e coisas se emaranham no sistema racionalizado de trocas.

Para o pensamento kantiano, apesar de originadas na mente humana, as formas de intuição e do entendimento humano aparecem ao ser humano como objetivas e independentes de sua própria existência.

Dessa maneira, o próprio pensamento seria encarado tão somente sob o aspecto da objetividade. Mas a crescente participação feminina nas diversas esferas do conhecimento sugere espaços para a mudança.

O papel da existência sensorial no conhecimento capacita-nos a explorar essa dimensão relacional. Só podemos conhecer outros , em certo sentido, na medida em que eles se permitem ser conhecidos. A vida emocional contribui para uma profundidade de conhecimento que falta inteiramente quando as pessoas são tratadas como objeto de observação, ou como se fossem seres puramente racionais.