Santa Casa que atendeu Bolsonaro enfrenta dificuldades financeiras
Responsável pelo primeiro atendimento e pela cirurgia a que o candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro foi submetido, depois de ser esfaqueado em um ato público em Juiz Fora (MG), no último dia 6, a Santa Casa de Misericórdia engrossa o número de entidades filantrópicas que relatam dificuldades financeiras. Uma das principais razões apontadas para esse problema é a defasagem da tabela de repasses do Sistema Único de Saúde (SUS).
Mais de 70% dos atendimentos realizados pelo hospital no ano passado foram destinados a pacientes do SUS. Este também foi o caso do tratamento oferecido a Bolsonaro, que ocupou um dos 523 leitos da casa antes de ser transferido para São Paulo. A Santa Casa completou 164 anos 30 dias antes de receber o presidenciável e relata prejuízos relacionados a repasses do SUS que ultrapassam R$ 27 milhões, segundo levantamentos de 2017.
“Nos últimos oito anos [a instituição] conseguiu aumentar o faturamento, apesar do alto custo dos serviços, somado pela não atualização das tabelas do SUS”, destacou em nota a assessoria da Santa Casa que recebe pacientes de 96 municípios da macrorregião sudoeste de Minas Gerais.
Com título de Hospital de Ensino, em função da formação de novos profissionais pelos programas de residência médica – a Universidade Federal de Juiz de Fora oferece curso de Medicina –, a instituição tem um quadro de 850 médicos e dois centros cirúrgicos. “Por ano, são realizados mais de 780 mil exames de análises e imunologia e 86,2 mil consultas de urgência e emergência, quase 20 mil cirurgias”, informou o órgão.
Uma das saídas desenhadas recentemente para minimizar os problemas financeiros dessas instituições foi a assinatura de uma medida provisória que cria uma linha de crédito com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e taxas de juros de 8,66% ao ano. O texto que foi anunciado há pouco menos de um mês pode trazer alívio às Santas Casas que hoje pagam juros que variam entre 19% e 22% ao ano sobre financiamentos tomados.
A mudança que depende da aprovação do Congresso Nacional, dentro de um prazo de 120 dias, para que vire lei, também garantiria um prazo de 10 anos para pagamento, sem carência. Os bancos operadores serão o Banco do Brasil, Caixa Econômica e o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).