CARNAVAL

Escolas de São Paulo mostram cultura negra, indígenas e samba

Veja como foi o primeiro dia de desfiles do grupo especial

Por JB RIO
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Publicado em 18/02/2023 às 11:33

Alterado em 18/02/2023 às 14:56

Porta-bandeira da Independente Tricolor reprodução de vídeo

Ludmilla Souza - Sete escolas do Grupo Especial abriram o carnaval no Sambódromo do Anhembi, em São Paulo, nessa sexta-feira (17). A Independente Tricolor foi a primeira a entrar na avenida com o enredo Samba no pé, lança na mão, isso é uma invasão!.

O samba-enredo, cantado por Pê Santana e Lico Monteiro, faz alusão à estratégia para vencer batalhas, partindo da vitória grega sobre os troianos, e à conquista de espaços, uma referência ao retorno da escola ao Grupo Especial em 2023, após três anos no grupo de acesso.

Na avenida, os carros mostraram os principais símbolos da mitologia, como o famoso Cavalo de Troia; os Mistérios do Mar Egeu; e a escultura mais alta da escola, o Deus da Mitologia Grega Ares, que representa a guerra. Outros deuses foram mostrados no desfile, como Hermes, o mensageiro; Hades, deus do submundo; Afrodite, deusa do amor; Erebro, deus da escuridão e o deus Dionísio. O casal de porta -bandeiras simbolizou Helena e Páris, que deu origem à Guerra de Troia, uma disputa entre gregos e troianos, por volta do século 12 a.C.

 

Acadêmicos do Tatuapé

A Acadêmicos do Tatuapé surpreendeu com uma sereia de olhos brancos na comissão de frente e evoluiu mostrando a homenagem à cidade de Paraty, no litoral do Rio de Janeiro.

A natureza exuberante da cidade foi retratada pela escola em carros que mostravam os indígenas que moravam na região, além dos caiçaras e quilombolas. Até o movimento hippie, que se concentrou na cidade nos anos 60, foi simbolizada em duas alas.

Dourada, a Ala das Baianas mostrou que a cidade também foi caminho do ouro, cercada pela Mata Atlântica. Com o enredo Tatuapé canta Paraty! Do caminho do ouro à economia azul. Patrimônio mundial, cultura e biodiversidade. Paraty cidade criativa da gastronomia foi interpretado por Celsinho Mody.

 

Barroca Zona Sul

A Barroca Zona Sul enfrentou, em seu desfile, chuva forte, após um dia quente na capital paulista. Mas, apesar da adversidade, a escola não teve problemas e mostrou com garra o enredo Guaicurus, que contou a história dessa tribo indígena no Pantanal.

O espírito guerreiro, marca do povo indígena, foi mostrado nos carros como o abre-alas, que apresentou grande indígena empunhando uma lança em defesa de seu povo. A comissão de frente contou a história da criação dos povos originários.

 

Unidos de Vila Maria

A Unidos de Vila Maria entrou no desfile de 2023 com samba-enredo que fez referências a desfiles antigos, ao bairro e à própria história.

O enredo Vila Maria. Minha Origem. Minha Essência. Minha História! Fonte de Amor Muito Além do Carnaval levou para a avenida pierrots e colombinas, carros com um bonde e até a Igreja da Candelária, que fica no bairro. Homenageou famosos que viveram lá, como o piloto de Fórmula Um Ayrton Senna e o jogador de futebol Dener, que jogou em equipe de futsal local.

Até papai Noel foi para a avenida, em um carro gigante, puxado por hienas. Ele representou as distribuições de presentes no bairro feitas no Natal, uma das ações sociais da escola.

 

Rosas de Ouro

A Rosas de Ouro fez coro à busca por respeito e igualdade racial com o samba-enredo.

Com o tema Kindala! Que o amanhã não seja só um ontem com um novo nome, a resistência negra foi apresentada através dos tempos.

Para começar, a Comissão de Frente mostrou o navio negreiro, em que negros eram trazidos ao Brasil para serem escravizados. A perfomance no navio em movimento foi um dos destaques.

O desfile foi um manifesto racial no sambódromo do Anhembi e homenageou ídolos negros como Glória Maria, Pelé, Pixinguina, Machado de Assis, Aleijadinho e a cultura afrobrasileira.

Também foram homeageados os cantores Gilberto Gil, Lecy Brandão e o rapper Emicida, que compôs a canção AmarElo, inspiração para o samba enredo com o termo kindala, que significa agora e está em um verso da música.

 

Tom Maior

Com um culto às Mães Pretas Ancestrais, a Tom Maior mostrou no sambódromo o maternal espiritual, por meio da criação, do ensinamento, da guia, da força, do respeito e da devoção.

O tema As Iyamis e os Eleyés mostrou as mães feiticeiras, a ala das baianas e representou a divindade do responsável pela criação do mundo, Oduduá. Diversas figuras maternas inspiradoras também foram destaques, como as rainhas do Congo.

Para fechar o desfile, o carro Adurá às Santas Católicas homenageou as mães pretas do catolicismo, com uma ala de crianças.

 

Gaviões da Fiel

Ao amanhecer, a Gaviões da Fiel fechou o primeiro dia de desfiles, com o samba-enredo Em Nome do Pai, dos Filhos, dos Espíritos e dos Santos… Amém! A escola falou sobre a a intolerância religiosa e o respeito às religiões.

A Gaviões entrou de branco na avenida com o carro abre alas Em Nome do Pai. Representações de anjos brancos se destacaram com o tema da liberdade.

O carro Em nome dos Espíritos levou uma representação de Chico Xavier, rodeado por velas. São Jorge, padroeiro do Corinthians, que originou a escola de samba, foi homenageado pela rainha de bateria Sabrina Sato, que entrou fantasiada do santo guerreiro. Madre Teresa de Calcutá e representações hindus também foram simbolizadas no desfile da escola. (com Agência Brasil)