INFORME JB

Por Jornal do Brasil

gilberto.cortes@jb.com.br

INFORME JB

Bradesco fecha agências nas praças de Ipanema

.Enquanto isso, as padarias chiques são a nova febre no bairro

Por GILBERTO MENEZES CÔRTES
gilberto.cortes@jb.com.br

Publicado em 03/11/2021 às 20:04

Bradesco fecha agência na Visconde de Pirajá, 414, esquina com Maria Quitéria Foto: GMC

Ao forçar os clientes a fazerem transações pela internet e sobretudo pelo celular, para evitarem aglomerações nos bancos, a pandemia da covid-19 também causou a morte das agências bancárias. E a demissão de muitos bancários e funcionários terceirizados.

Na 2ª feira, 1º de novembro, foi desativada a agência Bradesco do Quartier Ipanema, na Visconde de Pirajá, 414, esquina com Maria Quitéria, em frente à Praça N. Sra da Paz. O Bradesco estava lá desde os anos 90, quando comprou o Boavista. Em janeiro a agência cortou o atendimento em caixas presenciais.

Agora, o Bradesco dispõe só de duas agências (ambas com filiais do Bradesco Prime) no bairro, que tem pouco mais de 50 mil habitantes: a no nº 216 da Visconde de Pirajá e a no nº 495, na mesma rua. Quando comprou o HSBC, que tinha duas agências no bairro, ambas fechadas nos dois últimos anos, o Bradesco chegou a acumular seis agências.

No 1º trimestre, o Bradesco encerrou as atividades da agência General Osório, onde competia com o Itaú, que opera no nº 66 da Visconde de Pirajá.

 

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Comunicado na porta do Bradesco (Foto: Foto: GMC)

 

Itaú também encolheu no bairro

Quando se fundiu com o Unibanco, em fins de 2008, o Itaú chegou a ter 12 agências em Ipanema, sendo quatro delas do Itaú Personnalité. Hoje elas são apenas duas. Já o banco matriz opera com três agências: na Visconde de Pirajá, 66, 300 e 451, tendo fechado cinco.

O Santander conta com três agências em Ipanema e mais uma do Von Gogh, sua divisão de elite. O Banco do Brasil tem duas agências e uma filial da Estilo. O uso cada vez maior da internet levou o Safra a fechar este ano sua agência, passando a atender só pessoas físicas no 4º andar da Visconde de Pirajá, 250.

A Caixa Econômica Federal opera com duas agências no bairro, que estão sempre cheias diante da multiplicidade de atendimento extra atividades bancárias (baixa do FGTS, seguro desemprego, PIS e Auxílio Emergencial), com o encerramento do expediente às 14 horas adotado na pandemia.

 

No Leblon, perda de agências é menor

No vizinho bairro do Leblon, o movimento de fechamento de agências deixa os principais espaços comerciais na avenida Ataulfo de Paiva, entregues às farmácias e aos cafés, academias de ginástica e padarias.

O Bradesco tem agora três agências no Leblon. O Itaú opera com três agências próprias e duas do Personnalité. O Santander tem duas. O BB tem três agências, duas das quais são da Estilo, de atendimento personalizado. E a Caixa, três agências. Detalhe, o Leblon tem quase 60 mil habitantes.

 

Nos EUA, o Fed quer bancos regionais

A saída dos bancos de Ipanema – fenômeno que se repete em outros bairros e cidades do país, de resto uma tendência mundial – foi objeto de manifestação de preocupação do Federal Reserve Bank, o Banco Central dos Estados Unidos esta semana.

O Fed quer estimular o surgimento de bancos regionais, nascidos e entranhados nas pequenas comunidades do interior, que não despertam o interesse da sofisticação e do gigantismo dos bancos globais.

No Brasil, o Banco Central está tentando o caminho do meio. Depois da fortíssima concentração bancária, que agora se manifesta pelo encolhimento das agências, o BC está estimulando o “open banking”, ou seja, a concorrência das “fintechs” e das cooperativas de crédito.

Estas já são uma realidade nas novas fronteiras agrícolas no interior do país, para onde se deslocaram agricultores gaúchos, catarinenses e paranaenses que adquiriram o hábito de se associar em cooperativas. Mas a formação de cooperativas nas regiões urbanas (onde vivem 85% dos 213 milhões de brasileiros) ainda necessita de maior apoio.

 

Padarias chiques, a nova febre de Ipanema

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Em Ipanema, até o nome da padaria é 'chique': Baked (Foto: Foto: GMC)

 

Enquanto as agências vão embora, felizmente, não são apenas as farmácias que avançam no bairro. Com uma população de alto poder aquisitivo e elevada taxa de longevidade, o binômio banco-farmácia era até compreensível, pois há apenas uma grande rua comercial – a Visconde de Pirajá.

A nova febre em Ipanema são as padarias chiques. Das padarias tradicionais restam a Ipanema (na esquina de Joana Angélica com Visconde de Pirajá) e Santa Marta, na esquina de Farme de Amoedo com Nascimento Silva.

As tradicionais foram engolidas pela concorrência das padarias dos supermercados (Zona Sul, Prix, HortiFrutti e a Ki-Carnes, misto de açougue, mercearia, restaurante e padaria) e seus espaços ocupados por farmácias. Mas o trabalho em casa fez os ipanemenses descobrirem o prazer de sentar à mesa para um café com amigos, acompanhado de bolos ou pães especiais.

Depois da tão aguardada inauguração da filial do Talho Capixaba na Barão da Torre, em amplo prédio de três andares, de frente para a Praça N. Sra da Paz, Ipanema ganhou, na semana passada, a Baked (o forno de Ipanema), na esquina da Farme de Amoedo com Visconde de Pirajá.

Os donos das padarias modernas parecem ter vergonha de se assumir como tal e usam termos em inglês, francês – Boulangerie Carioca, na Visconde de Pirajá, cujas mesas invadem as calçadas ao lado do tradicional boteco Popeye, e a La Forneria, também na Visconde, ou a italiana Nema, que vende de pizzas prontas e semiprontas no Bar 20 e na Vinícius de Morais.

Como o bairro já teve a febre das yogurterias e das sorveterias, é esperar para ver se o novo “boom” veio mesmo para ficar e mudar a vida nas calçadas.

 


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Talho Capixaba na Barão da Torre, em amplo prédio de três andares (Foto: Foto: GMC)


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Boulangerie - estrangeirismos para vender pão francês (Foto: Foto: GMC)


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O balcão da Baked (Foto: Foto: GMC)

 

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