Ao lado de Morales, Lula diz que Brasil não é imperialista
Agência Brasil
BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quinta-feira ao lado do boliviano Evo Morales, que o Brasil não é um país imperialista e quer ajudar os vizinhos mais pobres.
- Não somos imperialistas como alguns dizem. Não somos hegemonistas (sic) como alguns querem. Somos um país que tem a compreensão de sua dimensão geográfica, sua importância econômica, desenvolvimento científico e tecnológico, e não tem que disputar espaço com nenhum país irmão. Temos que prestar solidariedade - discursou, de improviso, durante visita de Morales ao Brasil.
Lula reconheceu as divergências existentes, em especial sobre o valor do gás boliviano vendido à Petrobras, mas afirmou que a visita de Morales deu continuidade a um diálogo "franco e aberto, sem condicionantes, sem imposições, sem ameaças ou rupturas".
Os dois presidentes tiveram hoje um segundo encontro, que deveria ter ocorrido ontem mas foi adiado porque as discussões entre as delegações dos dois países se prolongaram. Uma das decisões tomadas foi de aumentar de US$ 1,19 para US$ 4,2 por milhão de BTU (sigla em inglês para Unidade Térmica Britânica) o preço do gás vendido para a Usina Termelétrica Governador Mário Covas, em Cuiabá.
Em relação ao preço que a Petrobras paga, os presidentes não anunciaram nenhuma definição. O que ficou acertado é que Petrobras vai estudar a composição do gás boliviano para recalcular preço do produto, atendendo a uma reivindicação da Bolívia. Morales prometeu que os contratos vigentes serão cumpridos e que não faltará gás para o Brasil.
- O gás é um fator decisivo de integração entre nossas economias. Queremos que continue a ser o carro chefe da nossa associação energética - afirmou Lula.
O presidente lembrou que ele e Morales fizeram parte de movimentos sindicais e defendeu que agora, como chefes de Estado, não podem esquecer que lutam pelos mais pobres.
- Não podemos permitir que esse nossa primeira relação seja diminuída porque hoje somos presidentes. Nós estamos presidentes, porque somos mesmo trabalhadores.
Os presidentes firmaram acordos de cooperação em outras áreas. Um deles prevê que o Brasil ajudará o país vizinho no combate à febre. O governo já doou 1 milhão de doses de vacina e outra remessa será enviada em março.
De acordo com o presidente Lula, a Petrobras tem interesse em implantar uma usina de biodiesel na Bolívia. Além disso, o governo brasileiro estuda construir uma hidrelétrica binacional no Rio Madeira, estabelecer condições financeiras para a exportação de tratores e regularizar a situação de imigrantes bolivianos que vivem no Brasil e pequenos produtores brasileiros que estão em território boliviano.