Genro e PF exigem queixa por escrito de Gilmar Mendes

Por

REUTERS

BRASÍLIA - O ministro da Justiça, Tarso Genro, e a Polícia Federal querem que o vice-presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, faça uma representação formal sobre o vazamento de informações, que, no entender do magistrado, visaria desvalorizar o Judiciário.

Gilmar Mendes, que teve o nome incluído em relação extra-oficial de pessoas que receberiam presentes da Construtora Gautama, pivô da Operação Navalha, afirmou que o Poder Judiciário está sendo alvo de intimidação por pessoas interessadas em criar "um estado policial".

- Já falei com o ministro Gilmar Mendes e ele vai me fazer uma representação que me aponte onde houve vazamento, que vamos tomar providências -, afirmou Genro, acrescentando que o vice-presidente do STF não está sendo investigado.

A Polícia Federal, em nota à imprensa, publicada em seu site nesta quinta-feira, destacou a relação institucional com o Judiciário e transmitiu a Gilmar Mendes o mesmo recado de Tarso Genro.

- Não cabe manifestação sobre a opinião pessoal de um de seus (do STF) ilustres membros. A Polícia Federal aguarda eventual requisição de providências, para apuração de possível irregularidade -, diz a nota.

Na noite de quarta-feira, Gilmar Mendes contou a jornalistas que cobrara por duas vezes providências de Tarso Genro sobre os vazamentos da PF e que teria recebido como resposta a recomendação de que fizesse uma representação formal contra a PF.

- Estou fazendo a representação por meio de vocês -, afirmou o ministro, visivelmente irritado.

Tarso Genro disse que irá cumprir "rigorosamente" as determinações do presidente Lula de investigar possíveis excessos da PF na Operação Navalha e admitiu que eles podem ter ocorrido. O ministro frisou, porém, que todo o processo de investigação foi acompanhado de perto pela Procuradoria Geral da República e pelo Poder Judiciário.

- Se houve algum equívoco, vazamento, e é possível que tenha havido, lesão ao direito, isso deve ser corrigido. Desde o começo, a operação) foi religiosamente cuidada pela Procuradoria e pelo Poder Judiciário -, disse Genro.

O ministro da Justiça refutou com veemência supostas queixas de aliados do governo de que as investigações da Operação Navalha estariam preservando integrantes do PT e focando políticos de outros partidos, principalmente do PMDB.

Integrantes do partido teriam contado que a reclamação foi levada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e pelo senador José Sarney.

- Não acredito nisso. Seria de uma insanidade exótica - comentou.

Tarso Genro não acredita que as investigações da Operação Navalha poderão enfraquecer a base de coalizão do governo, como alguns integrantes chegaram a afirmar após a reunião do Conselho Político na manhã desta quinta-feira.

- Não acredito que qualquer ação policial possa desmontar uma coalizão. Se uma ação policial perturbar uma coalizão é porque ela está fundada em bases equivocadas, o que não é o caso da nossa -, afirmou Genro.