Lula: país deve fazer novas dívidas e investir na infra-estrutura
Agência Brasil
BUENOS AIRES - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta sexta-feira que o Brasil deve aproveitar que passou da condição de devedor à de credor internacional para fazer novas dívidas e investir na infra-estrutura sul-americana.
Na última quinta-feira, o Banco Central informou que as reservas internacionais e outros ativos ultrapassaram a dívida externa e o Brasil, pela primeira vez na História, deixou de ser devedor.
- Precisamos agora aproveitar uma situação (se não privilegiada, melhor, que temos todos os países), e começar a nos endividar. Não para gastar dinheiro à toa. Para gastar com infra-estrutura, para facilitar o desenvolvimento da América do Sul - disse Lula, de improviso, em discurso no Congresso Nacional argentino.
No que depender da disposição de Lula, a área energética estará entre as prioridades destes investimentos. O presidente, que na manhã do próximo sábado tratará do risco de desabastecimento argentino com a presidente Cristina Kirchner e com o presidente boliviano Evo Morales, destacou que este tipo de discussão deveria ser estendido a toda a América do Sul.
- Nunca paramos para pensar na deficiência estrutural da falta de energia no nosso continente - disse. - Do ponto de vista energético, com mais ou menos deficiência, todos temos problemas - completou.
Lula afirmou ainda que uma verdadeira integração depende do planejamento estratégico da área energética, ao enfatizar que é preciso definir qual o potencial hídrico, de biocombustíveis e nuclear da América do Sul para a construção de um projeto conjunto, sem que seja necessário que cada país abra mão "da individualidade e da soberania".
- Temos limites porque nunca pensamos com muita seriedade a integração que nós queremos fazer - enfatizou. E alertou para a responsabilidade do Brasil e da Argentina nesse processo. - Países como o Brasil, sobretudo, países como a Argentina, países com o maior potencial econômico têm que ter solidariedade com os países mais pobres e ajudá-los a se desenvolver - disse o presidente, sob aplausos dos parlamentares.
E reiterou: - Não adianta uma Argentina rica se todos os outros forem pobres ou um Brasil rico se todos os outros forem pobres. É preciso que cresçamos juntos.