Brasil registra caso inédito de cura de raiva

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JB Online

BRASÍLIA - Um caso raro de cura de raiva humana foi confirmado nesta quinta-feira pela equipe médica do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (HUOC) da Universidade de Pernambuco, em Recife. O caso é o de um adolescente de 15 anos, mordido por um morcego hematófago na cidade de Floresta, interior do estado, onde reside com a família. Ele ainda está sob cuidados médicos. O caso brasileiro constará na literatura internacional como a terceira cura da raiva no mundo. Esse registro chama a atenção da comunidade médica e científica porque a raiva humana era considerada 100% letal, ou seja, sempre levava ao óbito a pessoa ou animal infectado.

No tratamento, os médicos do HUOC aplicaram o protocolo Milwaukee, formulado e utilizado por médicos norte-americanos na recuperação de uma paciente com a infecção por raiva, em 2004. O protocolo estabeleceu um tratamento feito com base em antivirais, sedativos e anestésicos injetáveis.

Diante desse caso, o Ministério da Saúde vai elaborar um protocolo de tratamento, baseado no de Miwaukee, para utilizar em outros casos de suspeita de raiva em humanos no país.

No dia 14 de outubro de 2008, a Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco (SES) notificou, ao Ministério da Saúde, um caso suspeito de raiva humana em um adolescente de 15 anos, residente no município de Floresta, interior do estado. De imediato, foi iniciada a investigação epidemiológica do caso pelas secretarias Municipal e Estadual de Saúde, com o acompanhamento da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) do Ministério da Saúde.

O paciente apresentou os primeiros sintomas no dia 6 de outubro e foi internado no HUOC no dia 10, portanto quatro dias depois. No dia seguinte, o paciente foi transferido para Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Dois dias depois, dia 13 de outubro, a equipe médica do hospital iniciou o tratamento do adolescente com o protocolo de Milwaukee. No dia 22, foi concluída a análise de uma amostra da biópsia de folículo piloso da região da nuca do paciente, com resultado positivo para a raiva humana. Com o tratamento, ao fim do mês, o paciente apresentou melhora do quadro clínico, e, segundo as análises de laboratório, os últimos exames realizados demonstram ausência de vírus na saliva e no folículo piloso.

A raiva é uma zoonose, doença transmitida por animais. Atinge os mamíferos, inclusive o homem. A transmissão da doença acontece quando o vírus da raiva, presente na saliva do animal infectado, penetra no organismo, através da pele ou mucosas. Isso pode acontecer por meio de mordidas, arranhões, lambidas ou pelo contato com a mucosa dos animais infectados.

A transmissão da raiva ocorre nos meios urbano e rural. Os principais transmissores são cães, gatos e morcegos. Em espaços rurais, o morcego é o maior transmissor da doença para bovinos, eqüinos, suínos e para os próprios homens.

A vacinação de animais domésticos é a única forma de se conseguir a imunidade contra a raiva. O Ministério da Saúde, em parceria com as secretarias municipais e estaduais de saúde, realiza campanhas anuais de imunização de animais (cães e gatos) em todo o país para o controle da doença. O ministério tem como meta eliminar a raiva transmitida por animais domésticos até 2010. Deve-se aplicar a vacina anti-rábica em animais sadios a partir do terceiro mês de vida. A dose tem que ser repetida anualmente.

Com informações do Ministério da Saúde